Cômico e confuso... Crítica de Asteroid City

(Wes Anderson se perdendo em suas últimas obras)

By Alan David

Para mim não existe o melhor filme de todos os tempos, e sim, toda a sensação que aquela produção trouxe ou a importância dela em sua vida naquele momento ao assistir aquela obra nas telonas, mas se eu considerar um top10, com certeza um dos filmes do diretor Wes Anderson estará entre eles... “O Grande Hotel Budapeste” de 2014, não por menos, levou várias estatuetas no Oscar 2015, pois é uma comédia requintada, ao mesmo tempo... sacana. Pós isso, Wes ainda trouxe uma boa produção em 2018 com “Ilha dos Cachorros”, mas deixou a desejar em 2021 com “A Crônica Francesa”... essa uma história toda fragmentada, arrastada e pouco humor. Esses são os três últimos de vários trabalhos do cineasta, mas essa “trilogia” de últimas obras... mostrou as várias formas de contar tramas de andamentos parecidos, mesmo uma delas sendo animação (Ilha dos Cachorros)... onde um elenco inflado de estrelas é sempre o mesmo radical. Agora temos “Asteroid City” que tenta ali modular uma narrativa dúbia entre o que acontece nos bastidores de uma gravação, onde frases com efeitos e divagações são elaboradas... ao mesmo tempo em que mostra toda uma história sendo filmada com uma enxurrada de atores, várias situações, esquetes e momentos cansativos que lembram demais sua última obra (A Crónica Francesa).

Asteroid City

A trama é praticamente dentro de sua confusa narrativa que mostra uma história que está acontecendo dentro da cidade de Asteroid City, onde as pessoas estão meio que em quarentena por testes do governo, nela temos uma jornada de pai e filhos bem peculiar e por fim, alienígenas... somando tudo isso com situações conceituais à medida que os atores voltam aos seus bastidores... nessa hora, tudo fica preto e branco, isso é importante para deixar menos confuso do que já está, e assim termos algumas explicações divagadas, essa com certeza... a parte mais chata do filme. Aqui se precisava ter algo mais centrado em protagonistas melhores do que Jason Schwartzman e Jack Ryan, eles não tem a competência que Ralph Fiennes e Tony Revolori tiveram em O Grande Hotel Budapeste, por exemplo... mesmo Asteroid tendo Tom Hanks e Scarlett Johansson com participações maiores do que se esperava, nao dá o up narrativo necessário. O fato de Wes Anderson ter moral com Hollywood e sempre contar com um excesso de estrelas em seu elenco deixa tudo picotado demais, são várias tramas que viram esquetes, e se multiplicam a rodo. Até que não me incomoda muito esse monte de participações especiais, só que está ficando um vício mostrado já no último longa do diretor... que é perder o foco em personagens centrais fortes e apostar na piada seca e uma narrativa que ele acha inteligente, mas que na verdade é cansativa e dá uma sensação que o filme tem uma duração maior do que a real (1h45).

Nem tudo é ruim, ao contrário de A Crônica Francesa, aqui temos piadas faladas e situações cômicas que funcionam, então consegue tirar algumas risadas em alguns momentos, principalmente quando envolve os “alienígenas”, assim como a trilha sonora divertida... e quando precisa de um efeitinho tosco funcional... acaba dando a graça em vários momentos. As atuações são caricatas, quem já foi mencionado acima são os que mais chamam atenção negativamente ou positivamente, só acrescentaria ali... ninguém, e olha que é um elenco gigantesco. Asteroid City é uma mistura de humor com uma história confusa, metida a conceitual e toda atrapalhada. Com destaque para algumas risadas que ele consegue tirar em alguns momentos como em uma cena com alienígenas que de tão simplória... ficou cômica, mas no geral, deixou a desejar.

Sinopse oficial:

Asteroid City é ambientado numa cidade ficcional do deserto americano por volta do ano de 1955. Nela, o roteiro de uma convenção dos Astrônomos Júnior/Cadetes do Espaço, organizada para reunir estudantes de todo o país, e suas famílias, para uma competição escolar de bolsas de estudos é espetacularmente interrompido por eventos que podem impactar e transformar o mundo. Estreia oficial em 10 de agosto de 2023 nos cinemas brasileiros pela Universal Pictures. Direção Wes Anderson.