sábado, 21 de janeiro de 2023

Crítica Cinema | Fervo

(Confusão nos gêneros)


Após comprar uma casa abandonada, o casal de arquitetos Leo (Felipe Abib) e Marina (Georgiana Góes) descobre que o local havia sido uma boate LGBTQIA+ chamada Fervo e passa a sentir a presença de três fantasmas (Rita Von Hunty, Gabriel Godoy e Renata Gaspar), que continuam lá por não terem conseguido cumprir suas missões na terra. A fim de resolver essa situação peculiar, o casal resolve chamar um sensitivo famoso da internet (Paulo Vieira) para desvendar o mistério dos fantasmas e tentar ajudá-los a resolver suas dívidas com a morte (Joanna Fomm) para, assim, poderem partir e deixar em paz os novos moradores. Elenco ainda conta com Dudu Azevedo, Julia Lemmertz, Bukassa Kabelenge, Tonico Pereira, Rosi Campos, Suely Franco, Marcelo Adnet, entre outros. Direção de Felipe Joffily. Produção da Movie&Art, com coprodução da Star Original Productions e Movie&Art, em associação com TF1. Distribuição da Star Distribution. Estreia nos cinemas brasileiros em 19 de janeiro de 2023. Para trailer, clique aqui.

Fervo


As comédias nacionais básicas são sempre criticadas pela falta de qualidade narrativa em prol do humor pastelão, às vezes non-sense... não faltam longas nacionais assim, saem aos montes, nem todos tem uma qualidade de Minha Mãe é uma Peça, O Auto da Compadecida, Loucas Para Casar, entre alguns outros, mas no geral é isso mesmo, roteiro de esquetes que junta tudo para dar uma história só e rezar para o resultado ser bom. Dito isso, Fervo vem da direção de Felipe Joffily, alguém que tem experiência na área, dirigiu os dois “Muita Calma Nessa Hora”, o filme dos “Caras de Paus”, “E aí, Comeu?”, além de está em cartaz nos cinemas com o “Nas Ondas da Fé”, fora outros trabalhos e episódios de séries de comédia da Globo, esse é alguém respeitado pelo menos pelas produtoras, por exceção do Ondas da Fé que eu não assisti... com todo o respeito, se juntar todos esses mencionados que ele dirigiu, não dá um de qualidade acima da média. Então chegamos a Fervo, a trama é sobre um casal que é atormentado por um trio gay que morreu precocemente naquele local que onde pouco antes da inauguração de uma boate LGBTQIA+ (Fervo) e seria só isso mesmo, então é o mais do mesmo que não é bom? Não é bem assim, já que a narrativa começa a se enrolar e mudando de gênero (por isso o título da crítica) sem a menor naturalidade, se isso é bom? Vamos lá...


De começo, o filme foi rodado antes da pandemia, então não se espante ao ver um jovem Paulo Vieira, esse que está estourado nos dois últimos anos em tudo que é comercial e também na Globo com participação no BBB e tal, não por menos nessa história ele é coadjuvante, mas todo o material de divulgação no caso é usando sua imagem, pois se você fizer uma lista de principais, ele seria o sétimo, pois tem o casal protagonista, o trio de fantasma e o amigo do protagonista (Dudu Azevedo), esse é só um detalhe mesmo, não acho ruim, já que não é uma obra fácil de vender e você tendo essa peça promocional, o marketing fica melhor. Estou enrolando porque o longa não tem muita coisa, o casal chega à nova casa, são assombrados pelo trio, algumas cenas até de terror, outras humor pastelão e com algumas bem trabalhadas comicamente, atuações boas do trio fantasmagórico, diga-se de passagem (Rita Von Hunty, Gabriel Godoy e Renata Gaspar) que durante um bom tempo, enlouquece a cabeça do Leo (Felipe Abib) onde ele acaba achando que é gay também, o humor que vai contra a personalidade da sua esposa Marina (Georgiana Góes) e traz problemas matrimoniais que estava dentro deles, ai você já percebe algo estranho no roteiro, depois que Leo e o trio se conhecem de verdade, tudo vira um drama, dramalhão mesmo, pois cada um dos personagens que assombra a casa precisam resolver seus problemas terrenos para só assim partir para outro plano astral, tudo muito sem sentido com o contado até então, pois não era essa a proposta, ah então foi uma quebra de expectativa? Não, você não gasta meia história com comédia bobinha e transforma-se em um drama existencial, só nessa parte entra o personagem do Paulo Vieira, daí para frente tome novelinhas, e segue assim até resolver o problema de cada um, inclusive do casal, voltando para os minutos finais tentando ser algo mais humorado, mensagem de vida, e outras coisas que não tem muita importância dentro da salada contada até essa conclusão, mas finaliza seu objetivo principal de forma correta, mesmo inventando ela do meio para o fim.


Um filme que fala de fantasma de uma boate LGBTQIA+ deve-se já pensar em  diálogos militantes... até que não tem muito isso, olha, se não fossem os fantasmas usando brincadeiras e peças gay para atormentar principalmente o Léo, e claro a caracterização, nem te puxaria para essa questão, até porque em um sentido principal de entender o pouco de história de verdade que tem, isso não tem muita importância, até porque são bem construídos, você simpatiza com eles... o problema todo, neste caso de roteiro raso... é não ter um farol único a seguir, mas vindo de um diretor que comanda seus filmes como esquetes e junta tudo, não seria muito difícil disso acontecer, e acontece. Por ter fantasmas... precisa de efeitos, sangue e outras coisinhas para dar um mínimo de veracidade à obra, e isso não é bom não, e estou sendo bonzinho, tanto que o trio de almas está na maior parte do tempo com corpos normais, aliás, temos a Joanna Fomm de morte, seria ela a grande vilã, mas não fica muito nítido. A direção é confusa, mas crônica de alguém que só dirige assim, vai passando por terror; níveis de comédia; drama; baita drama e felizes para sempre, mas se as produtoras e a emissora global gostam de investirem suas obras... sorte do Felipe Joffily Sobre o elenco... Felipe Abib atuação de sono, como o protagonista deveria ser mais expressivo e animado. Georgiana Góes praticamente só tem drama com ela, nisso foi bem. Rita Von Hunty, Gabriel Godoy e Renata Gaspar como o trio fantasma eu até que gostei, todos tem carisma do jeito de cada um, mesmo confusos no que a direção propôs para eles. Dudu Azevedo é um bom ator, em um personagem pequeno se destaca. Paulo Vieira é basicamente o modo de atuar com humor visto nos comerciais, BBB e canais globais. Joanna Fomm parecia ter um personagem interessante, quando precisou atuar de verdade entrega, mas como basicamente exigiram pouco dela nesse quesito, fez o que pode, para quem já fez a memorável Perpetua em Tieta, pouco mais de trinta anos depois estar fazendo dancinha interpretando a morte em um filme fraco, é a vida. Tem outros atores que complementam a história, mas ninguém que se destaque... talvez a cena de um, dois minutos do Adnet. Fervo é confuso em suas ideias narrativas, não foi tão ruim quanto achei que seria, pois ele troca seu modo de contar sua trama no meio, mesmo assim, sem o estofo necessário para trazer uma qualidade maior, no geral, regular.

Imagens fornecidas pelas assessorias ou retiradas da internet para divulgação/Biografias usadas são da IMDB.
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