segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Crítica Cinema | A Mulher-Rei

(Importante e na medida para ser bom)


A Mulher-Rei é uma história memorável da Agojie, uma unidade de guerreiras composta apenas por mulheres que protegiam o reino africano de Dahomey nos anos 1800, com habilidades e uma força diferentes de tudo já visto. Inspirado em eventos reais, a trama acompanha a emocionante jornada épica da General Nanisca (Viola Davis) enquanto ela treina uma nova geração de recrutas e as preparam para a batalha contra um inimigo determinado a destruir o modo de vida delas. Algumas coisa valem a luta. Elenco ainda conta com Thuso Mbedu, Lashana Lynch, Sheila Atim, Jordan Bolger, John Boyega, Hero Fiennes Tiffin, Jimmy Odukoya, Masali Baduza, Jayme Lawson, Adrienne Warren, entre outros. Direção de Gina Prince-Bythewood. Distribuição da Sony Pictures. Estreia nos cinemas brasileiros em 22 de setembro de 2022. Para trailer, clique aqui.

A Mulher Rei (The Woman King)


O título gerou muita polêmica, principalmente por se chamar A Mulher-Rei, pois já existe uma resistência contra a militância exagerada na cultura pop que está alterando obras originais de franquias conhecidas e as deixando ruins (Matrix 4, Doutor Estranho 2 (final), Pinóquio Disney, série do Resident Evil, Mulher-Hulk, Lightyear e outras obras recentes são exemplos disso), mas existe um porém nessa história toda, pois uma coisa é mudar o que já vinha estabelecido para desmerecer os reais protagonistas em prol sabe lá do que, e isso deixa o resultado final ruim, não por muito, todos mencionados (exceção a Dr. Estranho 2 devido a alta expectativa fez grande bilheteria, mas não chegou ao normal 1bi de dólares em arrecadação mundial que a Disney esperava) foram fracassos em todos os sentidos... outra coisa é vim com um título novo, onde é o caso aqui. A Mulher-Rei conta uma história que é inspirada em fatos reais de uma aldeia na África no Reino de Daomé em séculos passados. Existem dois esquadrões de guerreiros, o principal é de mulheres que são lideradas pela Nanisca (Viola Davis) e também tem um de  homens que dão um apoio a elas, ambos trabalham juntos contra traficantes africanos que atacam o povo deles ou aldeias próximas para sequestrar e vender essas pessoas como escravos para os mercadores brancos, sendo as guerreiras o foco do roteiro, pois elas são mais habilidosas e nos são apresentados de forma bem interessante, então é tudo original. Outro ponto importante... existe um rei bom (John Boyega) ele está afinado com os pensamentos de liberdade que batem com a de Nanisca... que seria o fim da escravidão, praticamente em nenhum momento existe uma diminuição ou pintar o rei como um vilão cego de poder, e sim na nobreza dele e admiração em relação à líder das Agojie, seria algo semelhante as Dora Milaje (no caso as personagens da Marvel são baseadas nessa tribo) em Pantera Negra. Existe toda uma camada de tradições locais, e com os rituais e treinamentos das guerreiras, também tem uma traminha ali de romance e um plot com a protagonista, além da inclusão dos nobres que compram escravos, mas isso acaba sendo um problema... são muitas camadas que vão sendo criadas e tiram o status de algo épico para normal, tem muita coisa acontecendo e usa escolhas narrativas que não deixam tudo redondo, mas isso é uma decisão de roteiro, acontece, então não existe nada que desabone a trama dentro do que já foi dito só por causa do título, pois faz sentido esse nome no fim e não é nada forçado. O longa tem toda uma importância social, até por ser de época e com um elenco majoritário de atores negros e a maioria mulheres, onde a trama principal é a proteção do seu povo contra a escravidão, ainda mais que os traficantes também são negros, então tem assuntos importantes sendo tratados, não é só pela guerra, pena que ele foca também em outras coisas menores que não são interessantes, explico mais abaixo...


O inicio é impressionante, depois as coisas ficam mais normais, mesmo assim, temos a Viola com uma presença de tela bem forte, assim como o próprio rei do Boyega que já te passa também uma empatia, então chega ao segundo ato que seria o treinamento e ali fica muito tempo, poderiam ter encurtado isso. É lá onde foca na entrada da Nawi (Thuso Mbedu) que parece ser a verdadeira protagonista, ela vai tendo uma construção narrativa melhor trabalhada, pois os outros personagens já começam estabelecidos em suas funções dentro da trama, isso abre outra camada com Malik (Jordan Bolger) e os mercadores com foco no Santo Ferreira (Hero Fiennes Tiffin), levantando questões raciais que impactam... então volta para o eixo com a Viola retomando o foco, mas novamente abre outra subtrama e isso começa a gerar muitas informações quebrando o ritmo das coisas... até que parte para as cenas de lutas que são muito boas e entrando no ato final que tem bons diálogos, momentos tensos e a igualdade de pensamentos em prol de um motivo em comum, mesmo se enrolando para finalizar, consegue fechar com uma boa mensagem que é a busca da liberdade, honra e viver em paz com seu próprio trabalho, sem muito o que inventar, isso o roteiro vai bem. Um coisa que destoa desse foco é o grande plot que deixa mais fantasioso e menos pé no chão, ali não foi a melhor escolha, pois queríamos mais as guerreiras na personificação da sua líder Nanisca... focadas, optaram em humanizar a personagem da Viola, mas ela é poderosa na história, não precisava mexer nisso, ficou meio novelesco essa parte. Tudo fecha dentro dos objetivos criados principalmente na passagem para o ato final e apesar de algumas pontinhas que poderiam não ser abordadas para focar em algo maior, entrega seu propósito. Ah tem uma cena pós-créditos bem bonita.


Toda ambientação e figurinos são muito bons, consegue trabalhar a trilha sonora de forma boa e tem muita coisa ali com o capricho de mostrar as tradições com danças, costumes e rituais de forma correta. As coreografias de lutas e treinamentos são vistosas, e efeitos são mais práticos do que especiais, tem muitas lutas noturnas. Como dito, o roteiro vai abrindo muitos caminhos narrativos, mesmo tendo um objetivo principal, poderia ter tido um foco melhor, mas consegue bons momentos, principalmente no primeiro e terceiro atos, no geral, uma boa direção da Gina Prince-Bythewood. Sobre o elenco... Viola Davis tem uma presença de tela impressionante, sua personagem é forte, mas não me agradou um plot que vai ter com ela mais à frente na história, poderia ter a Nanisca mais focada. John Boyega foi bem, seu rei fez um contraponto que conseguiu segurar bem para que fosse tudo muito equilibrado entre a liderança e seus liderados. Thuso Mbedu é bem carismática, o roteiro praticamente dá o protagonismo para ela (Nawi) e a jornada do herói nela, mas consegue ir bem. Lashana Lynch que foi mal na série do Obi-wan, aqui foi totalmente ao contrário, esbanjou carisma e fez com que você se importasse com sua personagem (Izogie) e isso vai trazer momentos bem interessantes. Sheila Atim como Amenza me surpreendeu, não parecia alguém que ia render na história, mas a dobradinha com a Viola foi boa, e trouxe até alguns momentos de bom humor para quebrar a seriedade da história. Jordan Bolger com seu Malik foi bem mais ou menos, precisavam do bonitinho fortinho, tem uma camada ali na sua origem, mas ele estava só para ser interesse amoroso mesmo. Hero Fiennes Tiffin é o cara do After, então já imagina... ele até tem uma importância histórica na trama, mas é bem ruinzinho atuando, falando português então... já não fala bem sua própria língua (inglesa) na franquia que ele é protagonista... imagina outra. Jimmy Odukoya como o vilão Oba, de inicio prometia, mas vai deixando à desejar com o tempo, poderiam ter o preparado mais a altura para a Nanisca... ser o antagonista que a protagonista merecia, esperava mais, o ator também não foi muito bem. Os outros personagens complementam bem ou inflam em outros pontos, mas ninguém atrapalha. A Mulher-Rei é um filme importante, tem seus méritos narrativos e consegue transpor a barreira de qualquer discussão de egos, distribui bem suas funções e na liderança da Viola Davis entrega uma boa produção, mas perdeu a chance de ser épico.

Imagens fornecidas pelas assessorias ou retiradas da internet para divulgação/Biografias usadas são da IMDB.
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