terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Crítica Cinema | Deus é Mulher e seu Nome é Petúnia

(Libertação emocional)


Sinopse: Em Stip, uma pequena cidade da Macedônia, sempre no mês de janeiro o padre local joga uma cruz de madeira no rio e centenas de homens mergulham atrás dela. Quem recuperar o objeto tem garantia de boa sorte e prosperidade. Desta vez, Petúnia (Zorica Nusheva) mergulha na água por um capricho e consegue agarrar a cruz antes dos outros, deixando os concorrentes furiosos: ‘como ousa uma mulher participar do ritual’? Todo o inferno se abre, mas Petúnia mantém o seu chão. Ela ganhou a cruz e não vai desistir. Também estão no elenco Labina Mitevska, Simeon Moni Damesvki, Suad Begovski, entre outros. Direção e roteiro de Teona Strugar Mitevska. Distribuição nacional da Pandora Filmes. Estreia 26 de dezembro de 2019. Para assistir ao trailer, clique aqui.

Deus é Mulher e seu Nome é Petúnia (Gospod postoi, imeto i' e Petrunija)


Longa da Macedônia que apresenta uma abordagem realista de mulheres procurando seu espaço em uma sociedade machista. A forma que isso é colocado na personagem de Petúnia é bem interessante, pois existe uma tradição naquela pequena vila que é amplamente dominada e executada por homens, mas quando a protagonista que sofre uma carga de assédio moral até aquele momento que engloba não apenas o fato de ser mulher, como de aparência e condição social, isso se alastra inclusive para qualquer gênero, ninguém gostaria de sofrer esse tipo de ataque, mas a protagonista tem um algo a mais, isso avança toda a narrativa naquele ato de conseguir a cruz naquela celebração e se estende depois por muito tempo em uma delegacia. O roteiro não faz que Petúnia levante bandeira explicita, ela simplesmente estava em um momento de stress grande e viu ali uma chance de uma vitória pessoal, sendo que nem ela mesmo é tão religiosa assim, aquele gesto representa uma pequena alegria de algo que você fez e deu certo, só que o turbilhão de revolva de alguns homens religiosos ao extremo daquele lugar desencadeia algo que mesmo os não envolvidos naquilo tudo não entende porque tanto barulho por causa daquela cruz que nas tradições deles só homens pode obter e ainda mais envolvendo a policia em algo que chega a ser fútil, pois é uma história que se passa nos dias atuais. Com isso temos uma bela construção de conceitos e objetivos diretos, sem semânticas ou analogias, simples assim, ela fez porque quis e precisava, algo que não visto pelos olhos de pessoas retrógradas não era nada demais.


Conceito estabelecido e proposta interessante, então vem a execução cinematográfica, pois não estamos falando de um livro por exemplo, você precisa dar algo visual ao espectador para que sua mensagem seja digerida pela mentes de quem está assistindo. Nisso a coisa pega, pois o inicio é quase parado, estava vendo a hora que os atores iam ficar sentados olhando para tela quem sabe quebrando a quarta parede, a paciência é o tranco para razão aqui, pois até chegarmos à parte principal, você precisa ter calma já que só nos dois últimos atos que as coisas andam e fazem a trama avançar melhor, só que mesmo nessas partes não acrescenta-se muito a um dinamismo, o famoso deixar a peteca cair de vez em quando. Entende-se que filme estrangeiro, mais independente tem uma abordagem nem tão dinâmica, ainda mais de países sem grandes tradições nas telonas, mas um exemplo da própria Macedônia foi o filme 'Ingrediente Secreto' que concorreu pelo país a vaga do Oscar desse ano, ele começa extremamente lento e triste, depois que a proposta narrativa principal entra aí temos as coisas andando muito bem até o final. Aqui é um vai e vem constante de chamar atenção e mormaço, até finalizar com Petúnia resolvendo todo esse “problema” de uma forma realmente foi muito boa, condizente com sua própria construção em toda história.


Tecnicamente é um filme que não chama atenção, pois não tem grandes orçamentos para tanto, só que mesmo em seu próprio limite, poderia ter nos mostrado mais daquela vila para entendermos melhor as razões de todos envolvidos, não apenas da Petúnia e dos fervorosos devotos. Direção é funcional, se você mesmo de forma cadenciada, consegue deixar claro sua proposta, não tem como reclamar nesse sentido. Sobre o elenco... A protagonista interpretada pela Zorica Nusheva consegue ser o que o papel pede... uma mulher sem os traços que a sociedade (Acrescente nos dias de hoje também dentro das redes sociais) diz como a ideal para então ter o desenvolvimento necessário. Restante do elenco não chama muita atenção, exceção à repórter interpretada pela Labina Mitevska, apesar de que poderia ter dado mais ênfase a sua história. Deus é Mulher e seu Nome é Petúnia traz um retrato de quando a devoção cede a razão em meio a um ambiente machista, mesmo assim o filme simplesmente trata de forma natural as decisões da sua protagonista, sem forçar nada. Poderia ter sido mais dinâmico ou ampliado mais a história que tinha em mãos?... sim, mesmo assim a mensagem é bem recebida.

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