terça-feira, 18 de junho de 2024

Crítica Cinema | A Metade de Nós

(Quando algo se quebra, nem sempre pode ser consertado)


O longa dirigido por Flávio Botelho aborda um tema que não é facilmente assimilado, nem é amplamente discutido na sociedade. Frequentemente, o suicídio é ocultado, tratado como uma mancha no tecido social. A Metade de Nós se destaca por enfrentar esse assunto desde o início, introduzindo-o na primeira cena e nos primeiros diálogos, tornando impossível desviar o olhar.

A narrativa não busca apenas confrontar o espectador com uma realidade desconfortável, mas com duas, ao contar a história sob a perspectiva dos pais de um suicida. O filme empreende uma viagem em busca de fragmentação emocional, abordando a dor com coragem e sem receios, mas equilibrando o peso da tragédia com uma sensibilidade que define o tom da obra.

Evitando mergulhar em representações explícitas de dor ou luto, o longa reconhece que essas emoções são intrínsecas ao processo retratado e opta por explorar outras narrativas. Aliviando o fardo que transcende a tela, se dedica a sondar a vida cotidiana que circunda o rescaldo de uma tragédia, mantendo assim o reflexo que busca representar.

Francisca e Carlos são os protagonistas dessa busca interna por respostas que talvez nunca sejam encontradas. Juntos, e mais tarde separadamente, eles vasculham incansavelmente por um significado para o ocorrido, buscando algo que preencha o vazio e justifique os acontecimentos.


A Metade de Nós transcende a mera busca por respostas, mergulhando em uma jornada onde os elementos podem ou não se revelar. A descoberta de que certas emoções são perenes e o enfrentamento desses sentimentos angustiantes podem aproximar os personagens de um necessário processo de cura, marcado pelo perdão das falhas que acreditam ter cometido.

Denise Weinberg e Cacá Amaral, talentosos em seus papéis, trazem à tona emoções indizíveis, exploradas pelo roteiro. Somos confrontados com a representação da desordem mental, onde cada personagem arrasta a narrativa para direções equivocadas de uma complexa equação. O casal conclui seu arco narrativo de forma ainda dolorosa, mas com uma consciência renovada dos capítulos futuros. A Metade de Nós convida o público a refletir sobre experiências de perda e como enfrentar os desafios emocionais, tudo isso com atuações cativantes que o tornam uma experiência cinematográfica poderosa e comovente.


Sinopse oficial: 
Francisca e Carlos lutam para se adaptar à nova realidade após o suicídio do único filho, Felipe. Mergulhados em fantasias, medos e melancolia, cada um a seu modo vivencia experiências radicais. Carlos se muda para o antigo apartamento de Felipe, alienando-se na vida do filho morto. Já Francisca, assombrada pela culpa, dedica-se a desvendar o enigma do suicídio. Direção: Flávio Botelho. Estreia nos cinemas brasileiros, 30 de maio pela Pandora Filmes.

Imagens fornecidas pelas assessorias ou retiradas da internet para divulgação/Biografias usadas são da IMDB.
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