quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

Crítica Cinema | A Menina Silenciosa

(Uma história delicada e cativante)


Escrever sobre este filme é prazeroso. Porque assisti-lo resultou fazê-lo: é uma obra sensível, delicada, limpa. Plena de sentimentos e sensações, A Menina Silenciosa transmite emoções e comove. Colm Bairéad, diretor e co-roteirista, em este, seu terceiro longa-metragem, evidencia uma condição cinematográfica extremamente elaborada visando aquelas características antes apontadas. Mas não está sozinho pois tem um vínculo profissional muito bem desenvolvido com as atrizes Carrie Crowley e Catherine Clinch (esta última, menina de apenas 13 anos de idade, em seu primeiro trabalho em cinema). Também há boas atuações de Andrew Benett e Michael Patric. Na parte técnico-artística, destaca-se a trilha sonora criada por Stephen Rennicks, que acompanha acertadamente a trama. Também a edição de John Murphy.

A atenção se concentra no que vai acontecendo na tela. É a história de Cáit, uma garotinha (um pouco mais nova que a mencionada atriz Clinch). Ela integra uma família com vários filhos e que está por ter mais um. Mas a situação nesse lar é bastante caótica. E o pai (representado por M.Patric) é um indivíduo antipático, agressivo e rude. Entre outros fatores, economicamente não estão em condições de manter tantos filhos.


O filme mostra em duas cenas breves e precisas, a índole problemática dessa família e as dificuldades cognitivas da menina. A causa das poucas palavras que ela consegue expressar se deve a essa carga negativa que a aplasta. Porém, como se define depois, é uma virtude: “ela diz o que tem que dizer.”

A seguir, sem remorsos nem explicações, o pai leva Cáit a um local distante onde a deixa para ficar um tempo com outro casal formado por Eibhlín (C. Crowley) e Seán (A. Bennet). A atitude de ambos perante a menina é oposta: a mulher é cordial, carinhosa, receptiva; o homem, distante e indiferente.

Sucedem-se situações e diálogos bem interessantes: por exemplo, quando a menina na primeira noite sente-se sozinha e atemorizada, mas é consolada maternalmente por Eibhlín. Há uma surpresa nessa ocasião, bem relatada pela edição e direção. Deve ser citado outro momento central, quando esta espécie de mãe adoptiva explica a Cáit que nessa casa pode falar tudo o que quiser (o contrário do que vinha acontecendo com a menina até aí, que quase não falava). Esta liberdade deve-se a que, segundo Eibhlín, lá “não existe nenhum segredo”. O filme depois mostrará que sim, existe um segredo. Aliás, existem vários.


Por outro lado, com o tempo o comportamento de Seán começa a mudar: sua falta de carinho com a menina será revelado pois há uma causa poderosa. Ele também dá lugar a novas atitudes e o vínculo crescerá saudavelmente.

Mas o relato não é todo açucarado, pois a maldade aparece de diversas maneiras. Por exemplo, fica evidente que, às vezes, falar a verdade pode machucar os demais. A situação caminha para renovadas angústias. Inclusive se produz uma situação muito preocupante. O filme chega a um final nostálgico com a repetição aguda e emotiva de vários momentos vividos por Cáit. A última cena é plena de emoção, deixando uma dupla possibilidade em aberto.

O diretor revela uma notável delicadeza ao criar um clima nostálgico, além de mostrar belos locais da campina irlandesa, como o verde do gramado e das árvores, e a cor cinza da névoa. A ‘economia de recursos’ trabalha a favor da trama. Deste modo, Colm Bairéad soube apresentar personagens alastrados pela vida, para o positivo e para o negativo. Principalmente no caso da menina protagonista, que vai encontrando pessoas que a influenciam de diversas maneiras. A Menina Silenciosa expõe a bondade que se pode ter (ou ser) e a maldade (injustificada e sempre absurda), criando na tela e no espectador momentos de empatia e outros de revolta perante tal atitude.


Sinopse:
Cáit é uma menina de nove anos que tem uma família enorme, pobre e disfuncional. Com a aproximação de mais um parto de sua mãe, ela é enviada para a casa de parentes distantes apenas com a roupa do corpo. Ao receber os cuidados deste casal de meia idade, Cáit desabrocha e descobre uma nova forma de viver, mas nesta casa onde o carinho cresce e onde não há segredos, a menina silenciosa faz uma dolorosa descoberta. Direção de Colm Bairéad. Estreia 21 de dezembro nos cinemas brasileiros pela Imovision.

Imagens para divulgação fornecidas por assessorias ou retiradas da internet 
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