domingo, 30 de maio de 2021

Crítica Cinema | Cruella

(Embate que esbanja simpatia)


Ambientado na Londres dos anos 70 em meio à revolução do punk rock, o filme da Disney mostra a história de uma jovem vigarista chamada Estella (Emma Stone). Inteligente, criativa e determinada a fazer um nome para si através de seus designs, ela acaba chamando a atenção da Baronesa Von Hellman (Emma Thompson), uma lenda fashion que é devastadoramente chique e assustadora. Entretanto, o relacionamento delas desencadeia um curso de eventos e revelações que farão com que Estella abrace seu lado rebelde e se torne a Cruella, uma pessoa má, elegante e voltada para a vingança. O elenco ainda conta com Joel Fly, Paul Water Hauser, John McCrea, Mark Strong, Emily Beecham, entre outros. Longa tem a direção de Craig Gillespie. Produção e distribuição da Walt Disney Pictures. Estreou nos cinemas brasileiros em 27 de maio de 2021 e também no Premier Acess do Disney Plus (Valor cobrado a parte da assinatura). Para o trailer, clique aqui.

Cruella


Esse longa da Cruella é a origem de uma personagem icônica do clássico 101 Dálmatas, esse, adaptado do livro de 1956 chamado 'The Hundred and One Dalmatians' de Dodie Smith. A versão animada chegou pela Disney nos anos 60, mas para essa adaptação live-action... A comparação seria ao filme de 1996, do qual temos a mesma história só que com atores reais, tendo Gleen Close como a vilã excêntrica. O cerne da trama original conta a busca pelos filhotes de dálmatas por uma louca estilista, do qual, tudo gira em torno de uma suposta criação de roupas com a pele dos cachorrinhos, essa obsessão move tudo e traz o tom certo de humor, pois mesmo tendo uma ideia original meio forte, já que transformar pele de dogs em casacos não é algo tão leve, mas tudo envolve o contexto do qual tudo está sendo contado e quando isso acontece de forma correta... as situações mudam o tom. Mas agora seria basicamente o que foi feito em 'A Bela Adormecida' que seria humanizar a antagonista, ali no caso a Malévola, aqui temos Cruella... sua origem, desenvolvimento e motivações que vão levar em um futuro próximo a ser uma obcecada pelos cachorrinhos de pintinhas pretas. Dito isso, fica a preocupação de que a Disney humanizasse demais a personagem e com isso entregar algo muito suavizado, ainda mais tendo Emma Stone como protagonista, e ainda como fazer um andamento narrativo satisfatório para que tenhamos a formação de alguém com objetivos bem peculiares. Algumas coisas realmente seguem esse caminho, mas boa parte da trama entrega situações e desenvolvimentos que prendem a atenção, principalmente nos embates de Cruella e Baronesa.


O tempo levado à origem da personagem é até considerável, para dar uma humanizada inicial na Cruella, temos as motivações da Estella feita de forma bem trabalhada. Quando isso se concretiza, temos a passagem de tempo e a hora de Stone brilhar como protagonista, ela consegue sustentar a personagem ainda como alguém que só quer ser um estilista de sucesso, já que talento ela tem de sobra. Sobre esse talento, a agilidade dela não é apenas desenhar e costurar, assim como outras habilidades que consegue ser muito bem interpretadas pela atriz, além de muito alivio cômico com seus amigos/capangas de roubos, Horácio e Gaspar. Tudo ganha um upgrade com a magistral atuação de Emma Thompson, sua baronesa o que tem de detestável, tem de carisma, com isso temos todo o primeiro ato nessas apresentações de como elas funcionam separadamente e também juntas. Assim que o roteiro encaixa as peças e faz com que elas virem grandes rivais, a entrada da Cruella e seus confrontos de moda contra a baronesa são o ápice do filme, pois são bem interessantes e envolventes, a cada passo da protagonista, vemos a reação da antagonista, nisso Stone e Thompson mostram grande química como rivais. Apenas no terceiro ato, temos uma barriga que estende demais a história e levando tudo algo mais básico e previsível, nada que apague muito o acontecido até então, mas a narrativa estava em uma rivalidade bem frenética na construção da Cruella para a futura vilã de 101 Dálmatas que estava no caminho certo, você percebe a loucura imposta nela, só que chegando para o fim, a Disney abaixa a temperatura louca da personagem e finaliza o longa de forma mais família, tendo apenas algumas menções e referências para a história original. Isso fica mais evidente e fazendo sentido apenas para quem conhece mesmo 101 Dálmatas, na cena pós-crédito.


Visualmente era muito importante que funcionasse, já que temos a origem de uma personagem conhecida como estilista de grande credibilidade, por isso a escolha de Stone e Thompson foi bem feita, não são poucas as vezes que vestidos, casacos e outras situações de moda são apresentadas de forma glamorosa por ambas as atrizes. Levando isso a um design, cores e fotografia ambientada de época bem tranquilas de assistir, somado a isso, quando começa o embate de moda e a explosividade da protagonista contra a baronesa, assistida em uma telona do cinema fica mais interessante. A parte sonora consegue dar o ritmo no tempo certo e os efeitos são muito práticos e no visual, principalmente no look da Cruella e tudo que envolve moda, pois temos elementos que mostram como funciona esse mundo, coisas que perduram até hoje. Sobre o elenco... Emma Stone é um caminhão de carisma, ela consegue levantar o tom da personagem no tempo certo, evolui com ela e apenas o roteiro da uma podada na sua ascensão de loucura perto do fim, mesmo assim, grande atuação. Emma Thompson é outra que dá show, sua Baronesa esbanja antipatia e glamour, além de uma maldade caricata muito boa, tudo funciona devido a bela atuação da veterana. Joel Fry e Paul Walter Hauser trazem muito bem o alivio cômico, apoio e familiar da protagonista. Mark Strong está lá apenas por estar. John McCrea chama atenção com seu Artie, merecia um pouco mais de tempo de tela. Kirby Howell-Baptiste e Kayvan Novak interpretando Anita e Roger, pouco é mostrado, apenas pincelado, até porque eles são importantes na história original dos 101 Dalmatas, o que não é o caso nesse longa. Cruella tem um dinamismo e desenvolvimento baseado no carisma das suas personagens principais em uma briga de estilos movida a outros elementos que fazem a história correr muito bem até perto do final quando a Disney da uma freada na insanidade da protagonista. Tem um grande elemento visual, fica valendo a pena ser assistido na telona, mas nem tanto para o valor extra que está sendo cobrado pelo Disney Plus (70 reais). Tudo movido a uma guerra de egos e estilos que encarnados em suas grandes atrizes, Emma Stone e Emma Thompson. Me surpreendeu positivamente.

Imagens fornecidas pelas assessorias ou retiradas da internet para divulgação/Biografias usadas são da IMDB
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