domingo, 6 de janeiro de 2019

Crítica Cinema: A Esposa

(Uma trama funcional com atuações destacáveis)


Sinopse: Joan (Glenn Close, 101 Dalmatas) está casada à 40 anos com Joe (Jonathan Pryce). Ela está sempre cuidando dele, pois seu marido não parece saber fazer nada sozinho. Além disso, ele irá receber um Prêmio Nobel de literatura. Durante toda a preparação para esse momento importante na vida de Joe faz com que problemas conjugais voltem acontecer e segredos nunca revelados podem vir à tona e fazer com que Joan repense todas suas decisões de manter essa relação segura por tantos anos. Elenco ainda conta com Christian Slater, Max Irons, entre outros. Direção de Björn Runge e com produção Sueca. Distribuição nacional pela Pandora Filmes.

 Cinema 559: A Esposa (The Wife)


Esse filme despertou a curiosidade pelos elogios da imprensa estrangeira a Glenn Close, com direito a indicação dela ao Globo de Ouro desse ano, além de ser cotada a ganhar o Oscar de melhor atriz. Fato é que muitas dessas indicações seja ator ou atriz são muito da pessoa atuando em si do que no filme... Vide casos recentes de vencedores do Oscar como Cate Blanchett em Blue Jasmine, Julianne Moore em Para Sempre, Alice ou Casey Affleck por Manchester à Beira-mar que são filmes medianos com atuações destacáveis. Isso devido ao próprio roteiro empossar ao protagonista uma carga emocional e um condutor da trama que tudo precisa passar por ele, assim toda a narrativa se presta apenas em preparar o terreno para o astro brilhar, esquecendo muitas vezes do envolto e uma coerência ou originalidade maior para que o filme tenha outras qualidades. Aqui também não foge muito disso, pois temos uma trama que você já mata seu plot rapidamente e tem umas gorduras mal resolvidas para a protagonista poder ter suas camadas emocionais e brilhar, mesmo dessa vez sendo de forma contida e não como os outros mencionados acima nesse texto.


Sobre a trama em si... Temos uma história bem simples no qual duas pessoas já bem veteranas levam uma vida de cumplicidade, logo é percebido que apenas um lado está mais para esse caso. Tudo é conduzido na personagem Joan que o tempo todo consegue manter um ar de incomodada e conformada com a situação da fama do marido. Além disso, temos situações de infidelidade dele,  sua áspera relação com o filho e um repórter que está tentando aprofundar de onde vem tanto talento dele para ganhar um Nobel. Com isso a trama vai se desenhando e deixando tudo muito óbvio, coisa que fica clara na hora que começam os flashbacks, acaba se entregando muito cedo o grande segredo do filme. Na personagem Joan mostra uma conformidade e no qual ela sabe que muito daquela situação poderia ser diferente, ao mesmo tempo, Joe tem uma auto dependência da sua esposa do qual ele mesmo admite e mesmo deixando claro as pessoas que ela é sua força... O envolto do casal a vê apenas como sua sombra e isso vai minando a personagem conforme a popularidade do seu marido vai crescendo quando vai chegando perto da entrega do prêmio dele. São momentos pincelados de cada personalidade no qual não se trabalha muito bem a relação pais e filhos, ainda mais com o rapaz, pois na sua trama é esburacada e serve apenas como escada para a grande verdade da história, assim como a forma conduzida pelo repórter feito por Christian Slater fica meio avulso, apenas para atiçar a curiosidade de que algo está errado naquele casal de tantos anos juntos. A história tenta trabalhar na infidelidade de Joe, tem uma cena única que que mostra o quanto ele precisa da esposa e o quanto ele já não tem mais idade para suas escapadas. Tudo gira de forma lenta, mas interessante para aonde se quer chegar, consegue manter coeso na personalidade dos personagens, apesar de não se aprofundar e se complicar da narrativa dos flashbacks aonde tem alguns furos mal trabalhados. 


Direção de arte é bem simples, pois são cenários de hotéis e grandes salões com uma fotografia que não chama atenção, assim como nada técnico. A trama presente tem uma boa edição, mas os flashbacks tem uns furos que percebesse a pressa em entregar o grande plot o quanto antes e justificar toda a narrativa atual em cima da Joan. A trilha sonora tem uns tons pesado e melancólico, pois apesar de não ser um drama forte, passa um incômodo e uma tristeza na maioria dos personagens. Glenn  Close consegue entregar bem, pois não é uma personagem vistosa. A atriz interpreta uma pessoa que está incomodada e que tem seus motivos para se manter à sombra do marido e suas mudanças são bem lentas e cadenciadas, assim como sua explosão final, trazendo expressões maduras para sua idade dentro da situação que se torna insuportável a medida dos acontecimentos, atuação discreta e forte dentro do que a personagem exigia dela. Ainda temos Jonathan Pryce que está bem, pois passa uma fragilidade seja de saúde e comportamento que transparece bem o que é sua relação com a esposa. Ainda temos Christian Slater que é meio avulso, serve como condutor da trama para quando ela está fugindo do tema principal, se trabalhassem melhor o roteiro, não precisaria dele e por fim temos o filho interpretado por Max Irons que é de uma atuação bem dura e sem expressões, personagem exigia mais do que ele entregou. A Esposa é uma história comum e satisfatória que entrega uma trama que não tinha muito que contar, mas graças as atuações dos seus protagonistas da um interesse maior pela situação ali que mostra o quanto concessões são feitas em pró do amor ou de algo que realmente nem a pessoa sabe por que aceita, apenas faz o seu trabalho para manter a família, apesar de chegar em um ponto que não aguenta mais. Filme bom apenas e funcional na proposta apresentada. 

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