(Nostalgia bastante aprofundada, exaltando a Sétima Arte)
By Tomás Allen
A Última Sessão é um filme originário da Índia (mais exatamente co-produção franco-indiana), o que não é habitual nas telas do Brasil e outros países da América Latina. Aliás, não é muito o que sabemos da produção cinematográfica daquele país asiático: que faz décadas têm o maior número anual de títulos (uns 800 / 1.000), que o nome com que se reconhece a matriz principal ficou até famoso (“Bollywood”), que teve um cineasta reconhecido internacionalmente nas décadas de 1950 a 1970 (Satyajit Ray), e que há uma coprodução que ganhou 8 prêmios Oscar: “Quem Quer Ser um Milionário?” (2008), com elementos britânicos e indianos, sobre um concurso televisivo em Bombaim.
Sinopse oficial:
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A Última Sessão conta a história do menino Samay (nome que sugestivamente significa ‘Tempo’), morador de Calala, localidade muito pequena do interior do país. Quando criança é levado pelo pai, junto com sua família, a uma sala de cinema. Lá, embora tudo seja muito rústico (o que faz lembrar as primeiras exibições públicas em Paris em 1895, nos chamados “cine-poeira”), nasce na criança uma forte atração pelas imagens cinematográficas - justamente o que significa originariamente “ kinema” = imagens em movimento.
Samay decide continuar assistindo filmes, tornando-se o motivo central na sua vida. Vencendo a rígida resistência do pai, que tinha mudado de atitude para passar a considerar isso um pecado, uma perversão, o menino profunda seus vínculos, sua fascinação com o cinema.
Dissemos “é a história” e esse é um conceito que aparece no próprio A Última Sessão ao apontar a característica e objetivo principal destas obras, especialmente nesta: o cinema como narração. Não é casual que alguns especialistas na matéria concordem com tal definição. A trama prossegue, convertendo-se em uma homenagem declarada, incluso incluindo listas no início e na sequência final com nomes de realizadores destacados, começando pelos Irmãos Lumière até a atualidade.
Além disso, são lembrados outros nomes, a modo de homenagem, alguns citados e outros dedutíveis: “Cinema Paradiso” (1988, de Giuseppe Tornatore), “A Última Sessão de Cinema” (1971, Peter Bogdanovich), “A Noite Americana” (1973, François Truffaut), “Good Morning Babilonia” (1987, P. e V. Taviani) etc. “2001: Uma Odisseia no Espaço” (1968, Stanley Kubrick - identificável pela música clássica de R. Strauss), etc. E traz algumas imagens sobressalentes deste meio de comunicação/arte - ou como se prefira definir.
Inclusive evidencia os mecanismos fundamentais que produz, como assinalava o pensador francês Edgar Morin: identificação e projeção, ao mostrar as reações do público quando assiste e depois, na vida cotidiana, imitando atores, atrizes e situações vistas na tela. O diretor e roteirista Pan Nalin oferece aqui uma metalinguagem, isto é, uma obra que fala sobre si mesma; um filme que se refere ao cinema.
Dissemos “é a história” e esse é um conceito que aparece no próprio A Última Sessão ao apontar a característica e objetivo principal destas obras, especialmente nesta: o cinema como narração. Não é casual que alguns especialistas na matéria concordem com tal definição. A trama prossegue, convertendo-se em uma homenagem declarada, incluso incluindo listas no início e na sequência final com nomes de realizadores destacados, começando pelos Irmãos Lumière até a atualidade.
Além disso, são lembrados outros nomes, a modo de homenagem, alguns citados e outros dedutíveis: “Cinema Paradiso” (1988, de Giuseppe Tornatore), “A Última Sessão de Cinema” (1971, Peter Bogdanovich), “A Noite Americana” (1973, François Truffaut), “Good Morning Babilonia” (1987, P. e V. Taviani) etc. “2001: Uma Odisseia no Espaço” (1968, Stanley Kubrick - identificável pela música clássica de R. Strauss), etc. E traz algumas imagens sobressalentes deste meio de comunicação/arte - ou como se prefira definir.
Inclusive evidencia os mecanismos fundamentais que produz, como assinalava o pensador francês Edgar Morin: identificação e projeção, ao mostrar as reações do público quando assiste e depois, na vida cotidiana, imitando atores, atrizes e situações vistas na tela. O diretor e roteirista Pan Nalin oferece aqui uma metalinguagem, isto é, uma obra que fala sobre si mesma; um filme que se refere ao cinema.
Em forma especial faz lembrar o recente “Os Fabelmans” (2022, Steven Spielberg) que se apoia em experiências individuais, em especial de crianças levadas ao cinema pelos pais, como no caso de Samay. Embora com locais, culturas, vínculos, conceitos etc. diferentes, entre nós, latinoamericanos, estadunidenses, europeus e indianos, há muito em comum porque o cinema é uma expressão universal.
Também é interessante prestar atenção a observações ou reflexões como: “O futuro pertence aos contadores de histórias”; “como se faz um filme? / Contando uma história”; “Há que captar a luz "; “Que a luz habite meu coração”; “Quero transformação e que seja um filme”; e um ‘inimigo’: “São todas mentiras; foram criados para pessoas tolas”.
Dito seja de passagem: como, talvez, não poderia ser de outra forma, aparecem muitos elementos indianos como a comida típica, a presença do trem e as bicicletas, as ruas desordenadas e cheias de pó, o trânsito vehicular caótico, a menção a M. Ghandi, as crenças religiosas. Além do anterior, pode-se perceber que a turma de meninos que acompanham a Samay está constituída no total por seis meninos (em uma produção ocidental seria mais provável que fossem sete ou doze).
Embora seja algo rudimentar, consegue retratar o fascínio que se produz, ao mostrar personagens (o projetista, o proprietário de sala de exibição), a película, a máquina de projetar, a luz, os cartazes de publicidade nas salas e nas ruas etc. E os desafios que trazem as novas formas de projetar, eletrônicas, deslocando a tradicional. A Última Sessão tem elementos elementares, básicos, na sua linguagem e expressão (próprias e também ao trazer cenas de outras realizações com saltos constantes, lutas ridículas, sangue grotescamente irreal; espectacularidade sem consistência etc.). Oscila entre ser um drama ou um melodrama. Porém, ao mesmo tempo, produz uma nostalgia bastante aprofundada, exaltando a Sétima Arte. Vale, sobretudo, por este último aspecto.
Também é interessante prestar atenção a observações ou reflexões como: “O futuro pertence aos contadores de histórias”; “como se faz um filme? / Contando uma história”; “Há que captar a luz "; “Que a luz habite meu coração”; “Quero transformação e que seja um filme”; e um ‘inimigo’: “São todas mentiras; foram criados para pessoas tolas”.
Dito seja de passagem: como, talvez, não poderia ser de outra forma, aparecem muitos elementos indianos como a comida típica, a presença do trem e as bicicletas, as ruas desordenadas e cheias de pó, o trânsito vehicular caótico, a menção a M. Ghandi, as crenças religiosas. Além do anterior, pode-se perceber que a turma de meninos que acompanham a Samay está constituída no total por seis meninos (em uma produção ocidental seria mais provável que fossem sete ou doze).
Embora seja algo rudimentar, consegue retratar o fascínio que se produz, ao mostrar personagens (o projetista, o proprietário de sala de exibição), a película, a máquina de projetar, a luz, os cartazes de publicidade nas salas e nas ruas etc. E os desafios que trazem as novas formas de projetar, eletrônicas, deslocando a tradicional. A Última Sessão tem elementos elementares, básicos, na sua linguagem e expressão (próprias e também ao trazer cenas de outras realizações com saltos constantes, lutas ridículas, sangue grotescamente irreal; espectacularidade sem consistência etc.). Oscila entre ser um drama ou um melodrama. Porém, ao mesmo tempo, produz uma nostalgia bastante aprofundada, exaltando a Sétima Arte. Vale, sobretudo, por este último aspecto.
Quando a magia dos filmes conquista o coração do jovem indiano Samay, de 9 anos, ele faz de tudo para realizar o seu sonho de se tornar um cineasta, sem saber das dificuldades que está prestes a enfrentar. Direção: Daniela Broitman. Estreia nos cinemas brasileiros, 12 de dezembro de 2024 pela CUP Filmes.
Imagens fornecidas pelas assessorias ou retiradas da internet para divulgação/Biografias usadas são da IMDB.
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Dúvidas, sugestões, parcerias e indicações: contato.parsageeks@gmail.com
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