sábado, 12 de outubro de 2024

Crítica Cinema | Coringa: Delírio a Dois

(Um desastre anunciado e confirmado)


O novo filme do Coringa decepciona, e nem Lady Gaga consegue salvar a produção. A continuação do longa de 2019 dirigido por Todd Phillips foi uma surpresa na época, quando o cinema já estava ficando saturado de filmes de super-heróis. Coringa: Delírio a Dois começa a partir do final de seu antecessor. Joaquin Phoenix retorna ao papel de Coringa, dois anos após os eventos do primeiro filme. Acompanhamos o julgamento de Fleck (Coringa) pelos assassinatos cometidos. Ele está no Asilo Arkham, e sua advogada luta para que ele seja tratado como um homem com dupla personalidade, internado em um hospital psiquiátrico. É lá que encontramos Lee-Harley Quinn, interpretada por Lady Gaga.

Todd Phillips muda a proposta do primeiro filme, transformando esta sequência em um musical, o que não agradou a todos. Mesmo com Lady Gaga no papel de Arlequina, os fãs do primeiro filme ficaram com o pé atrás, questionando como seria possível fazer um musical com um dos maiores vilões dos quadrinhos.

Apesar de Lady Gaga ser uma das maiores cantoras do pop mundial e de as músicas serem bem executadas, com produções clássicas e originais, elas não se encaixam no roteiro do filme. A insanidade presente nos personagens parece desconectada das canções. As músicas, embora bonitas, parecem ter sido inseridas aleatoriamente, sem uma narrativa coesa que as ligue à história. Diferente de “Moulin Rouge”, onde as músicas clássicas e conhecidas ajudam a contar a trama dos personagens, aqui isso não acontece.


Lady Gaga, que era uma das grandes apostas do filme, se destaca mais como cantora do que como atriz. Sua Arlequina não é o que se esperava. Faltou direção, roteiro e criatividade, e ficou claro que Gaga é uma excelente cantora, mas ainda não uma grande atriz. Suas músicas podem funcionar como trilha sonora, mas, no contexto do filme, parece que ela simplesmente saiu de “Nasce Uma Estrela” e vestiu-se de Arlequina. Sua versão da personagem é rasa e superficial.

Por outro lado, Arthur Fleck, interpretado por Joaquin Phoenix, continua a viver em conflito, tentando entender quem ele realmente é, enquanto lida com as pressões e expectativas colocadas sobre ele. Phoenix está mais uma vez perfeito no papel, e, embora não seja cantor, entrega o que a cena exige nas partes musicais. No entanto, o romance entre Coringa e Harley Quinn não convence. Enquanto Phoenix expressa toda a sua devoção à personagem de Gaga, a reciprocidade do lado dela não é tão convincente. Novamente, vemos Arthur Fleck emocionalmente dependente de uma figura feminina.

A sociedade continua sendo um problema no enredo, com muitos apoiando as atitudes de Arthur, enquanto outros abominam o Coringa. O filme poderia ter explorado mais a dualidade da personalidade de Arthur e mostrado de maneira mais profunda essa batalha interna entre ele e o Coringa. Além disso, como o filme aborda a ideia de Coringa se tornar um ícone de culto ou "artista", faltou mostrar mais dessa perspectiva pelos olhos da sociedade.

Tecnicamente, o filme continua impecável, com uma coloração precisa, enquadramentos e ângulos belíssimos. A iluminação também casa muito bem com a temática e o ambiente. Há mais cenas internas em comparação ao filme anterior, que explorava uma maior diversidade de cenários.

Enquanto o primeiro filme mostrava como a sociedade moldou e desencadeou a loucura em Arthur, desta vez a via é de mão dupla, o que oferece à sequência caminhos interessantes e uma profundidade maior. No entanto, o foco está mais em Arthur Fleck do que no Coringa, que aparece muitas vezes apenas em imaginações ou sonhos. Em certos momentos, as humilhações que Arthur sofre chegam a incomodar, mas, ao contrário do primeiro filme, que deixava uma aura de mistério sobre o que era real ou não, essa ambiguidade foi deixada de lado. Não temos um "delírio a dois", mas sim cenas musicais sem ação. Coringa: Delírio à Dois é longo, vazio e entediante. A obra funcionaria melhor como um filme tradicional, ou talvez nem precisasse existir.


Sinopse oficial: 
Após os eventos do primeiro filme, Arthur Fleck está internado em um hospital psiquiátrico. Ele é visitado por uma psiquiatra, a Dra. Harleen Quinzel, que fica fascinada por sua história. Juntos, eles exploram a mente de Arthur e os eventos que o levaram a se tornar o Coringa. Direção: Todd Phillips. Estreia nos cinemas brasileiros, 03 de outubro de 2024 pela Warner Bros. Pictures.

Imagens fornecidas pelas assessorias ou retiradas da internet para divulgação/Biografias usadas são da IMDB.
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