sexta-feira, 10 de maio de 2024

Crítica Cinema | Vermelho Monet

(A arte imita a vida? Ou a vida imita a arte?)


Vermelho Monet, longa-metragem dramático, parceria entre Brasil e Portugal, distribuído pela Pandora Filmes, com produção executiva da Ukbar Filmes, coproduzido pela ATC Entretenimentos e Glaz Entretenimento, apoio Globo Filmes, estreia, oficialmente, nos cinemas, a partir de 09 de maio de 2024. Tanto roteiro quanto direção ficaram a cargo de Halder Gomez, mais conhecido pelas comédias nacionais Cine Holliúdy (2012) e O Shaolin do Sertão (2016).

Halder Gomez entrelaça de maneira astuta duas de suas paixões, o cinema e as artes plásticas, proporcionando ao espectador a experiência de acompanhar, diante de seus olhos, por pouco mais de duas horas, uma envolvente “pintura viva” se desenrolando em “movimentos” na tela.

O roteiro apresenta os meandros entre a criação da pintura, seus vetores e a difusão do seu resultado. É dividido em 6 momentos, os quais são classificados como “movimentos”. Em ambientes elitistas, repletos de obras de arte, riqueza e elegância, a sensualidade toma conta do quadro, gerando uma sensação quase erótica durante seu deslinde, convidando o público a se tornar um voyeur. Toda premissa é instigante, versando sobre um tema nada explorado pelo cinema brasileiro com camadas de metalinguagem dentro da arte.


Os personagens Johannes Van Almeida (Chico Diaz), Antoinette Lefèvre (Maria Fernanda Cândido) e Florence Lizz (Samantha Heck Müller) formam os arcos (universos), independentes, mas interconectados. Chico Diaz é um arco, a ruiva estreante Samantha Heck Müller é outro e Maria Fernanda Cândido é um terceiro. São os três elementos da obra: o artista, a musa e a ponte.

Chico Dias dá uma aula de atuação, que neste caso deve ser considerada ímpar. Dá vida a um personagem complexo, cheio de demônios internos ocasionados principalmente pela visão deteriorada e pela doença da esposa que o impactam em um conflito criativo. Torna crível a frustração de Johannes que buscar reviver um sentimento passado, algo que nunca poderá ser alcançado novamente, mesmo que todos os elementos estejam presentes, pois em seu caso, o principal ingrediente está perdido. A presença física da esposa Adele (Gracinda Nave).

Apesar de apreciar a beleza da modelo Samantha Heck Müller, sua escalação como protagonista pode ser considerada um problema de casting, visto que até mesmo perto dos atores coadjuvantes, sua atuação parece artificial e não provoca nenhum tipo de empatia. O problema se agrava ainda mais quando contracena com Maria Fernanda Cândido, que mesmo não estando, neste filme, no nível de Chico Dias, ainda rouba a cena por sua competência.


Com diferentes aspectos que o assemelham a grandes produções, o filme utiliza a Europa como tela e as locações de Lisboa, Paris e Londres como pinturas. O longa apresenta legendas durante seus 135 minutos de duração, para facilitar o entendimento do público, já que são falados o Português do Brasil, Português de Portugal, o de Angola e pequenos diálogos em inglês, francês e holandês.

A direção de fotografia da carioca, Carina Sanginitto, pode ser classificada como pictória, pois, em quase todas as cenas, os planos fotográficos se apresentam visualmente como se fossem pinturas.

O Design de Produção de Juliana Ribeiro e o figurino de Mia Lourenço se sobressaem. Cada cenário meticulosamente construído em vestes que aprofundam a atmosfera. Frida Kahlo, Johannes Vermeer e René Magritte são algumas das referências artísticas e estéticas utilizadas.

A bem executada montagem realizada por Helgi Thor é fluida, ainda que me incomode o tempo de duração que poderia ser reduzido sem maiores danos a trama. A trilha sonora ajuda a elevar a experiência cinematográfica unindo clássico e contemporâneo de forma orgânica.

O título do filme é uma referência aos vermelhos dos entardeceres do pintor impressionista Claude Monet. Realizado para ser a primeira parte de uma trilogia, na qual o próximo título deve se chamar Azul Vermeer. Vermelho Monet, surpreenderá a quem o assistir, pois foge do padrão do filme nacional que o público espera encontrar, possuindo uma trama de amores desencontrados, tortuosos e trágicos, que mesmo caindo em clichês comuns e um plot twist que pode ser antecipado por algum espectador que já tenha assistido outros exemplares do gênero, não deixa de impactar com seu desfecho, onde fica claro que um quadro para ser uma obra de arte tem que ter uma história.


Sinopse oficial: 
 Johannes Van Almeida (Chico Diaz) é um pintor de mulheres sem aceitação no mercado; obsoleto. Com a visão deteriorada e à beira de um colapso nervoso, encontra em Florence Lizz (Samantha Müller) - uma famosa atriz em crise e insegura na preparação para o seu filme mais desafiador - a inspiração para realizar sua obra prima. Antoinette Lefèvre (Maria Fernanda Cândido) é uma influente marchand/connoisseur de arte que fareja o valor de obras de arte quando histórias de inspiração viram obsessão entre pintores e modelos. Estreia nos cinemas brasileiros, 09 de maio pela Pandora Filmes.

Imagens fornecidas pelas assessorias ou retiradas da internet para divulgação/Biografias usadas são da IMDB.
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