domingo, 21 de abril de 2024

Crítica Cinema | Guerra Civil

(Um filme feroz e contundente na sua proposta)


Um filme de características espectaculares. Já desde as primeiras imagens há ação plena, furibunda. Mas, também, desde o início há um certo caos, como se o diretor estivesse envolvido cinematográficamente com o mesmo que está relatando. Guerra Civil apresenta uma rebelião contra o governo dos Estados Unidos, uma revolta generalizada, que se estende por diversos locais deste país (Califórnia, Texas, Flórida) e ameaça chegar aos principais centros urbanos, Nova Iorque e, especialmente, à capital, Washington DC. Nesta última reside o próprio presidente. O relato mostra imagens bem cruas dessa violência, mas não dá indicações claras de quem são os insurgentes nem eventuais líderes ou chefes. As armas e o nacionalismo radical são os únicos elementos que predominam.

Essas ações, que incluem enfrentamentos de indivíduos comuns com a polícia e civis entre eles, estão por todas as partes e são visíveis para qualquer cidadão. Em particular para Lee (Kirsten Dunst), a protagonista, que é uma fotógrafa veterana, em especial de conflitos violentos. Sempre próxima aos acontecimentos desta índole, aqui aparece vinculada a Joel (o ator brasileiro Wagner Moura), também jornalista. Cientes do que está acontecendo, decidem ir atrás das imagens dos confrontos e, ainda mais, aproximar-se ao presidente para tentar fazer-lhe uma entrevista. Porém, a imagem dessa autoridade aparece como muito enfraquecida não só militarmente, mas, também, com sua própria personalidade. Ele não consegue lidar com os fatos, e vai perdendo o controle dos mesmos. O caos social se estende e aprofunda.


Os símbolos da nação - 4 de julho, Dia da Independência, a bandeira e outros -, aparecem para fragilizar ainda mais o panorama. Carros e até helicópteros destrozados, nas cidades e nas estradas, deslocamentos militares que não são claramente identificáveis (são tropas oficiais ou são rebeldes ?), cadáveres em toda parte, alguma mensagem escrita alentando o uso de armamento … Embora existam situações engraçadas no meio e cenas que resultam até ridículas, elas vão dar lugar a desenlaces posteriores muito cruéis, o percurso em geral é alucinante, as imagens devastadoras. A sensação é de ingovernabilidade total.

Destacam-se na trama dois personagens bem interessantes: a muito nova Jessie (Cailee Spaeny) e o idoso Sammy (Stephen McKinley Henderson). Embora aparentemente secundários, têm atitudes e intervenções relevantes. E as atuações destes dois, resultam muito convincentes. O mesmo que Jesse Plemons, em cena marcante. Continuando com os profissionais que trabalharam na realização, a fotografia de Rob Hardy e a edição de Jake Roberts resultam muito competentes. Os efeitos de todo tipo prevalecem. Em algumas passagens, deixam dúvidas as inserções musicais criadas por Geoff Barrow e Ben Salisbury, no sentido de trazer conotações exóticas em momentos tensos.

Prosseguindo com a figura do presidente (Nick Offerman), resulta ser totalmente inseguro e até lastimoso, elemento que evidentemente contribui com sua própria debacle ante o avanço insurgente. Poucas vezes a imagem presidencial ficou em um patamar tão fragilizado em títulos cinematográficos anteriores. O contrário do mandatário representado por Bill Pullman em “Independence Day” (1996), que soube como fazer um discurso fogoso, alentador, ante uma ameaça gravíssima para seu país e o mundo.

Sobre os insurgentes deve-se dizer que, embora não dito diretamente, podem ser assimilados ao atual “trumpismo” (do ex-presidente Trump), confrontados com o atual mandatário, Joe Biden, supostamente débil. E outra característica evidente é que não são estrangeiros (russos, palestinos, iranianos, norcoreanos etc.), nem comunistas; são próprios estadunidenses os que enfrentam a ordem social e política.


Seguindo com a trama, à medida que os personagens principais se aproximam a Washington DC, os episódios conflitivos antes mencionados, aumentam (por exemplo, os tiroteios com armas pesadas e sem definição nenhuma) e o nível de violência resulta extremo, a níveis absolutos. Uma tomada panorâmica com o fogo arrasando uma cidade é impactante, o mesmo que as bombas que atingem prédios.

Nas sequências finais os enfrentamentos bélicos são impiedosos. Mas aí justamente está o núcleo para avaliar a realização: Alex Garland não vacila ao apresentar situações sem misericórdia, até chegar às foto-fixas finais, que enquadram os créditos onde os elementos técnicos abrangem longas listas de nomes de especialistas. Assim, será o espectador quem deverá sopesar se ficou satisfeito ou não com Guerra Civil. Trata-se de uma produção de orçamento elevado, com momentos de alto impacto, tanto conceitual quanto visualmente. E nessa condição quase brutal, sem concessões, reside seu valor principal, embora não seja de fácil digestão. Guerra Civil é um filme onde prevalece o caos e há muita violência no descontrole que, nesse momento, padece os Estados Unidos. Isto diante de uma insurreição sem líderes nem ideias nítidos porém, ao mesmo tempo, com determinação feroz.


Sinopse:
Em um futuro não tão distante, quando uma guerra civil se instaura nos Estados Unidos, uma equipe pioneira de jornalistas de guerra viaja pelo país para registrar a dimensão e a situação de um cenário violento que tomou as ruas em uma rápida escalada, envolvendo toda a nação. No entanto, o trabalho de registro se transforma em uma guerra de sobrevivência quando eles também se tornam o alvo. Direção: Alex Garland. Estreia nos cinemas brasileiros em 18 de abril pela Diamond Films do Brasil.

Imagens para divulgação fornecidas por assessorias ou retiradas da internet 
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