sábado, 2 de março de 2024

Crítica Cinema | Zona de Risco

(Realização ideal para público que gosta de ação espetacular mas limitada por ser dualista)


Com certeza existem muitas formas de assistir, desfrutar, entender e analisar obras cinematográficas. Neste caso, em particular, podemos distinguir duas maneiras básicas: a primeira consiste simplesmente em concentrar-se na ação que oferece. A segunda possibilidade está em avaliar o que abriga seu conteúdo, sobretudo ideológico.

Nesta oportunidade são inegáveis os vários elementos técnicos: a enorme exibição visual, em especial da pirotecnia (item que está nos créditos finais), algumas lutas físicas e o uso da tecnologia para ser efetivo nos conflitos armados. Aliás, esse elemento aparece na tela de modo constante e contundente. Considerando o apresentado, o espectador fã de filmes de ação pode sentir-se bem satisfeito porque é o que não falta.

O segundo tipo de características nos leva, como dizíamos, a um modo de ver Zona de Risco sob outra perspectiva, tanto com relação aos perfis psicológicos e atitudes dos personagens quanto aos conceitos bélicos.

O filme relata um enfrentamento entre forças militares especiais dos Estados Unidos, com base em Las Vegas, contra rebeldes na região do Mar Sulu, que possui um arquipélago das Filipinas. Para lá é enviada uma patrulha com o objetivo de resgatar um integrante da CIA (a conhecida Central de Inteligência Americana) que foi sequestrado por um grupo antiamericano, encabeçados por um ex-agente da KGB (organização secreta russa).

O comando de resgatistas é acompanhado e dirigido em forma remota em modo permanente, desde a mencionada base americana. Na ação intervém aviões e todo tipo de armas - fuzis, revólveres, bombas e, principalmente, drones -. O encarregado da operação é o Capitão Reaver (Russell Crowe), secundado pela Sargento Branson (Chika Ikogwe). Os integrantes do time que Reaver comanda não são precisamente competentes, nem entrosados com os assuntos de vida ou morte que implica tal operação.

Porém, o que se destaca fundamentalmente é a seriedade, profissionalismo, idoneidade e humanidade de Reave, inclusive quando reconhece que “a guerra é bárbara” e que “homens matando homens, isso é a guerra”. Suas nobres características são desenhadas quando define o casamento como “o maior ritual social que tem nossa sociedade”, ao comentar que ama sua família atual, que gosta de esportes, aprecia uma vida pessoal simples, e valoriza as amizades; e ao dançar cavalheirescamente com sua colega ou fazer compras domésticas. Há destaque também para a fortaleza, astúcia e resiliência do Sargento Kinney (Liam Hemsworth), na luta física na Ásia.

Todas essas virtudes se opõem à brutalidade extrema dos rebeldes, onde se destacam o terrorista Hashimi e Victor Petrov, o russo ex-KGB. Isso fica explícito em situações de tortura bem fortes. Todo o filme está imbuído com o que se pode chamar de maniqueísmo, princípio filosófico segundo o qual o mundo tem duas forças fundamentais que brigam entre si: o bem e o mal. Obviamente em Zona de Risco os que estão alinhados com o bem são, principalmente Reaver, Branson e Kinney; enquanto Petrov se vincula ao título original inglês desta produção: Land of Bad, traduzível como ‘Terra do Mal’. Os locais onde ele está com seu grupo são definidos como um “covil de criminosos”, ou “um covil de doninhas”. A base americana pode ter elementos irresponsáveis mas não merece tais classificações…


Petrov quando mata, tortura, trai, é indefensável. Além disso, ele menciona Guantánamo (prisão militar dos Estados Unidos no Caribe com péssima reputação em matéria de tratamento aos prisioneiros) e diz que setores de Ásia se liberaram do imperialismo japonês para cair em outro - o dos Estados Unidos -. O anterior pode estar certo, mas não justifica suas sinistras ações.

Há outros apuntes quase marginais: o grupo malvado se desloca em camionetes de uma conhecida marca japonesa, vinculada nos últimos anos a outros terroristas e de cujas acusações teve que se defender.


Por outro lado, a parte americana não deixa de ser contraditória quando, por exemplo, apresenta a esposa do protagonista como… vegana ! Parece uma ironia, no contexto bélico do filme, que ela se oponha a matar animais pois é sabido que essa postura rejeita, não vê legítimo, matar animais. Mas ela é mulher - a quarta - de um militar especialista em matar inimigos, isto é, pessoas. Claro que Reaver aduz que o que se faz é para ter um mundo melhor. No mínimo, é uma propaganda difícil de engolir. E não podemos esquecer que não é precisamente a primeira vez que nos é apresentada no cinema. Ou seja, há falta de originalidade. Zona de Risco é um filme pleno de ação, com bons trabalhos técnicos - a mencionada pirotecnia, a fotografia do uruguaio Agustín Claramont, em seu primeiro longa-metragem, muitos dublês e os efeitos especiais e os visuais -, tudo sob a direção do estadunidense William Eubank (em seu quinto longa). Porém, propagandista de modo maniqueísta.


Sinopse:
Um piloto de drone das Forças Aéreas é a única esperança de uma força-tarefa presa em uma emboscada. Cercados pelo inimigo em um território remoto nas Filipinas, a única chance de sobreviverem está nas mãos de Reaper (Russell Crowe), um piloto de drone, e Kinney (Liam Hemsworth), um jovem oficial da aeronáutica. Eles têm 48 horas para resgatar os soldados antes que esta missão vire um verdadeiro desastre. Direção: Will Eubank. Estreia nos cinemas brasileiros em 29 de fevereiro pela Imagem Filmes.

Imagens para divulgação fornecidas por assessorias ou retiradas da internet 
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