quinta-feira, 28 de setembro de 2023

MASP terá seminário dedicado às Histórias da diversidade

(O evento é o terceiro de uma série de seminários que antecipa o programa do MASP dedicado ao tema durante todo o ano de 2024)


O MASP - Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand apresenta, nos dias 4 e 5 de outubro de 2023, o terceiro seminário Histórias da diversidade, antecipando o programa do MASP dedicado ao tema durante todo o ano de 2024. Com a participação de artistas, ativistas, pesquisadores, teóricos, e professores de diversas áreas, o programa online e gratuito, trata de temas como ativismo queer/trans, uma esfera pública reimaginada e movimentos sociais LGBTQIA+ em conexão com a cultura visual e as práticas artísticas. O evento tem patrocínio master do Nubank.

O encontro vem incrementar a missão do MASP no estabelecimento de diálogos críticos e criativos entre o passado e o presente por meio das artes visuais. Em português, diversidade é um termo intrinsecamente associado com identidades queer e diversidades de gênero, e a noção de histórias – diferente da História tradicional – sugere narrativas mais abertas, multívocas, inacabadas e não totalizantes, abrangendo não apenas relatos históricos, como também histórias pessoais, contos e narrativas ficcionais.

Para o seminário, foram convidados palestrantes de distintas áreas de conhecimento, são eles: Aravani Art Project, Ellen Pau, Felipe Rivas San Martín, Joshua Chambers-Letson, La Chola Poblete, Stella Nyanzi, Tony Boita, Uwe Bresan e Zethu Mathebeni. O grupo reflete sobre o tema da diversidade e a sua relação com diferentes espaços, como a tecnologia, a arquitetura, o cinema, as artes plásticas, e localidades, como o Brasil e a América do Sul.

A conferência terá transmissão online e gratuita por meio do perfil do MASP no YouTube, com tradução simultânea em Libras, inglês e português. Para receber o certificado de participação, é necessário realizar um cadastro por meio de um link que será fornecido durante o seminário. Os certificados só serão enviados para o e-mail cadastrado dos participantes que assistirem aos dois dias de seminário.

A iniciativa tem organização de Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP; André Mesquita, curador, MASP; David Ribeiro, assistente curatorial, MASP e Julia Bryan-Wilson, curadora-adjunta de arte moderna e contemporânea, MASP.

O primeiro seminário, realizado em 2021, contou com as presenças de C. Ondine Chavoya, Carlos Motta, E. Patrick Johnson, Érica Sarmet, Jeffrey Gibson, Grupo Mexa e Luiza Brunah, Lux Ferreira Lima, Mel Y. Chen, Nancy Garín Guzmán, Nicolas Cuello, Olivia K. Young, Tavia Nyong’o, Virginia de Medeiros e Vi Grunwald. Já o segundo, aconteceu em 2022 e teve como participantes abigail Campos Leal, Bruno Oliveira, Cynthia Shuffer, Danieli Balbi, Erica Malunguinho, Fernando Davis, Jamal Batts, Karol Radziszewski, Mahmoud Khaled, Monica Benicio e Remom Bortolozzi.

PROGRAMAÇÃO

4.10.2023 as 11H

INTRODUÇÃO
Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP
11H10—13H

LA CHOLA POBLETE

Virgens cholas
A apresentação abordará as tranças, as batatas, os narizes e as manchas que transbordam e caem sobre criaturas com pênis e sapatos de salto alto. Tudo faz parte de uma mesma paisagem caótica e necessária, um grande campo de batalha em que dançar pode ser sinônimo de luta e prazer. Também abordará o processo das obras de pão, o aspecto performativo relacionado às aquarelas (materialidade). Tudo isso será combinado com uma reflexão sobre o fato de a Argentina não ser branca e estar estruturada sobre o racismo contra os mestiços e os indígenas.

La Chola Poblete é uma artista multidisciplinar que realiza e cria performances, foto-performances, videoarte, fotografias, pinturas, desenhos e objetos. Tem bacharelado e licenciatura em Artes Visuais pela Universidad Nacional de Cuyo, na Argentina, e se formou em âmbito não institucional com artistas de seu interesse.

ARAVANI ART PROJECT
Ontem, hoje, todos os dias
Yesterday [Ontem] explora a importância da mitologia nos tempos modernos, com uma série de histórias em quadrinhos/romances gráficos. A apresentação consistirá em uma antologia que irá explorar histórias do passado narradas por pessoas transgênero que vivem na Índia. A partir desta exploração, o projeto espera registrar nuances culturais, como fatos históricos, práticas tradicionais e histórias orais transmitidas de geração a geração dentro da comunidade Transgênero. Procura-se também lançar um pouco de luz sobre a dicotomia da violência baseada em gênero, em um cenário no qual alguns adoram uma pessoa Trans como se fosse uma Deusa. Today [Hoje] explora a relevância da revolução, ao reunir histórias inéditas de sobrevivência, amor, lutas, traições e, o mais importante, superar todos os desafios que a sociedade impõe ao ser e se tornar trans, buscando transformá-las em episódios de um podcast sobre vidas trans na Índia moderna. Everyday [Todos os dias] explora a vida cotidiana e as respostas de pessoas da comunidade Transgênero à misoginia e à discriminação no dia a dia.

Aravani Art Project é um projeto que visa abraçar pessoas das comunidades transgênero e LGBTQIA+ e alguns aliados cis, criando consciência, bem-estar através da arte e participação social.

FELIPE RIVAS SAN MARTÍN
Inteligência artificial para um arquivo queer inexistente
A apresentação aborda o projeto artístico Un archivo queer inexistente [Um arquivo queer inexistente] (2023), formado por fotografias fictícias de casais homossexuais e pessoas queer ou não binárias na América Latina do início do século 20, criadas por meio da inteligência artificial. Como afirmava o crítico queer José Esteban Muñoz, uma das consequências da cultura heteronormativa é que a experiência queer do passado não deixou registro ou não pôde ser arquivada. Essa negação do registro é ainda mais dramática para as pessoas do Sul Global e das classes trabalhadoras. Assim, a proposta artística para criar este arquivo negado se configura como um exercício “retrofuturista”, que utiliza algoritmos computacionais para reimaginar o nosso passado queer local e reivindicar um arquivo que jamais poderia existir. O resultado é um conjunto de imagens que são estranhamente comoventes e afetuosas, à primeira vista plausíveis, mas que, após um olhar mais detido, revelam as imperfeições – profundamente queer – de uma tecnologia que ainda está em desenvolvimento.

Felipe Rivas San Martín é artista visual, ensaísta e ativista dissidente sexual chileno, doutor em Arte pela Universitat Politècnica de Valência, na Espanha.

Mediação: David Ribeiro, assistente curatorial, MASP

14H30—16H30

UWE BRESAN

A arquitetura sai do armário
Há muito tempo, interpretar as obras de artistas com base em suas biografias íntimas é uma prática comum na história da arte, da música, do cinema e da literatura. Não é preciso dizer que a identidade sexual dos artistas também pode ser considerada. Na verdade, às vezes ela deve até mesmo ser aplicada na interpretação: o que entenderíamos sobre a arte de David Hockney, a música de Piotr Tchaikovsky, os filmes de Luchino Visconti ou os escritos de Thomas Mann, por exemplo, sem saber sobre sua homossexualidade? O que há muito tempo é um padrão indiscutível em outros campos ainda é um tabu nos estudos de arquitetura. Mesmo em análises recentes sobre arquitetos do passado, muitas vezes sua homossexualidade é completamente ignorada, assumindo-se assim, de forma consciente, o risco de se realizar interpretações equivocadas. Está mais do que na hora de a arquitetura sair do armário!

Uwe Bresan leciona na Universidade de Ciências Aplicadas de Stuttgart e na Academia de Belas Artes de Munique, ambas na Alemanha, e é formado em arquitetura pela Universidade Bauhaus em Weimar, também na Alemanha.

JOSHUA CHAMBERS-LETSON

Uma dança com a morte é uma dança com a vida: What is Your Name?, de Adam Pendleton

A partir de um estudo sobre o filme de Adam Pendleton, produzido em 2020, sobre o coreógrafo e dançarino Kyle Abrahams, What Is Your Name: Kyle Abraham's, A Portrait [Qual é o seu nome: um retrato de Kyle Abrahams], esta apresentação traz uma reflexão sobre a dança com a morte que dá vida e complexifica o ser queer e negro, bem como sobre a dinâmica do amor queer e da perda que moldam a arte de conviver com o luto.

Joshua Chambers-Letson é professor de Estudos Performáticos e Estudos Asiático-Americanos na Northwestern University, nos Estados Unidos, e autor de dois livros premiados: After the Party: A Manifesto for Queer of Color Life e A Race So Different: Law and Performance in Asian America.

ZETHU MATEBENI
Nongayindoda: sobre o cruzamento entre artes, ativismo e queerness
Esta apresentação explora o conceito de Nongayindoda, que oferece uma abordagem que vai além do conceito ocidental de gênero. Com base nas obras do artista visual Athi-Patra Ruga e do poeta Mthunzikazi A. Mbungwana, o palestrante parte de uma estética queer que, ao mesmo tempo, nega e afirma as possibilidades de se estar dentro e fora da existência. Neste retorno a Nongayindoda, será oferecida uma abordagem alternativa para que os africanos queer sejam capazes de imaginar seu ativismo, em um continente que a cada dia se torna mais anti-queer.

Zethu Matebeni é South Africa Research Chair em Sexualidades, Gêneros e Estudos Queer na University of Fort Hare, na África do Sul.

Mediação: Daniela Rodrigues, assistente curatorial, MASP
5.10.2023 as 14H—16H

ELLEN PAU
A história e os desafios dos direitos LGBTQ+ em Hong Kong
A comunidade LGBTQ+ de Hong Kong tem uma longa história de ativismo associada aos direitos humanos e aos movimentos feministas e civis. Embora a Declaração de Direitos de Hong Kong proteja os cidadãos contra a discriminação por orientação sexual por parte do governo e do poder público, o governo não apoia os direitos dos gays nem as iniciativas antidiscriminatórias. A lei de segurança nacional de 2020 ocasionou o fechamento de organizações das áreas de direitos humanos e democracia, o que representa um desafio para a comunidade. Hong Kong está seguindo os passos da China, país no qual os direitos dos gays não são reconhecidos. Apesar disso, a comunidade LGBTQ+ de Hong Kong realizou avanços, com a primeira exposição LGBTQ+ Myth Makers – Spectrosynthesis III Hong Kong (2022) e os Gay Games (2023). Esta apresentação oferecerá uma visão geral da história do ativismo pelos direitos LGBTQ+ em Hong Kong e dos desafios atuais que a comunidade enfrenta.

Ellen Pau é uma artista de Hong Kong que explora em seu trabalho temas de gênero e identidade. Ela foi cofundadora do Videotage, um coletivo de artistas independentes.

STELLA NYANZI
Escavar histórias queer africanas a partir de um local em Uganda
Considerando a recente criminalização da produção e da distribuição de conhecimento sobre a homossexualidade em Uganda, quais são as possibilidades da geração, da curadoria e do compartilhamento de um corpus de conhecimento queer a partir desse contexto nacional? Como é possível localizar, situar, escavar, extrair e explicar histórias queer de contextos nos quais o simples ato de produção de conhecimento queer é criminalizado e duramente punido? Com base na distinção conceitual realizada por Zanele Muholi (2015) entre “arte visual” e “ativismo visual”, a apresentação propõe a ideia de que continuar a produzir formas criativas, críticas, acadêmicas e jornalísticas de conhecimento queer a partir de contextos criminalizantes (incluindo Uganda) é uma questão de resistência urgente contra ataques homofóbicos que ameaçam acabar com a liberdade acadêmica, de expressão e artística. Ao colocar em prática esse programa político de dissidência queer, realizo uma amostragem, uma apresentação e uma análise dos acervos fotográficos de cinco fotógrafos (David Robinson, Frederic Noy, Keiji Fujimoto, Sumy Sadurni e Delovie Kwagala) que representam diversos indivíduos e comunidades LGBTIQA+ de Uganda.

Stella Nyanzi é bolsista do programa Writers-in-Exile do PEN Zentrum Deutschland, na Alemanha, e vinculada à NRF/SARChI Chair of African Feminist Imagination no Centro de Estudos sobre Mulheres e Gênero da Nelson Mandela University, na África do Sul.

TONY BOITA
Qual o lugar das memórias LGBTQIA+ na sociedade brasileira?
Ao longo da história, as pessoas LGBTQIA+ tiveram suas memórias invisibilizadas, garantindo a esses indivíduos o direito de não ter direitos. Por isso, a palestra propõe a reflexão sobre os processos de invisibilização e de apagamento dos indivíduos não normativos nos museus e nos espaços de memória, e como isso estimula o preconceito e a violência. Também serão apresentadas algumas estratégias comunitárias que vêm sendo desenvolvidas pela comunidade LGBTQIA+ brasileira. Por fim, esta apresentação irá problematizar os limites e as potencialidades das memórias dissidentes no território brasileiro.

Tony Boita é museólogo, psicanalista e editor da revista Memórias LGBTQIA+ e articulador da Rede LGBTQIA+ de Memória e Museologia Social.

Mediação: André Mesquita, curador, MASP

SERVIÇO
Seminário Histórias da diversidade
Organização MASP
Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP; André Mesquita, curador, MASP; David Ribeiro, assistente curatorial, MASP e Julia Bryan-Wilson, curadora-adjunta de arte moderna e contemporânea, MASP

Yacunã Tuxá, Mulher, indígena e sapatão, 2019. Acervo MASP. Doação Diretoria Estatutária, Alberto Fernandes, Alexandre Bertoldi, Andrea Cury Waslander, Geraldo Carbone, Heitor Martins, Jackson Schneider, Jean Martin Sigrist Jr., Juliana Siqueira de Sá, Tania Haddad Nobre, no contexto da exposição Histórias brasileiras, 2022 Foto: Yacunã Tuxá

4 — 5.10.223
11H — 16H30
Canal de YouTube do MASP
Gratuito

Imagens para divulgação fornecidas por assessorias ou retiradas da internet 
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 Dúvidas, sugestões, parcerias e indicações: contato.parsageeks@gmail.com

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