sábado, 12 de agosto de 2023

Crítica Cinema | Disco Boy: Choque Entre Mundos

(Exótico e irregular) 


O filme se inicia com a apresentação de um grupo de combatentes nigerianos numa floresta afastada e continua mostrando mercenários bielorrussos viajando em um ônibus. Pouco depois o relato se instala numa região da África identificada como o Delta do Rio Níger. (Essa região faz parte da Nigéria - não confundir com Níger -, países que, obviamente, são praticamente desconhecidos no mundo ocidental, o que nos inclui.). As imagens têm uma característica bem interessante desde a primeira tomada: são difíceis de definir e saber de que se trata até que, aos poucos, se tornam nítidas e desvendam o significado. Note-se que essa maneira de expressar-se e outra similar (mostrar uma paisagem para logo depois fazer surgir outro elemento), são cuidadosas elaborações de Hélène Louvart, a experiente diretora de fotografia. Também, em algumas tomadas, há primeiros planos de rostos humanos e de estátuas que são muito chamativas. Além disso, os profissionais técnicos criaram imagens digitais que aparecem ocasionalmente e resultam como fosforescentes, talvez similares às de uso militar.

Disco Boy: Choque Entre Mundos (Disco Boy)


A seguir com o filme em si, o relato mostra mais detalhes dos nativos rebeldes ao domínio francês e nos conduz a um conflito internacional onde - segundo se explica desde a perspectiva de Jomo (Morr Ndiaye), líder local - França resulta ser não apenas um invasor mas um explorador da riqueza petrolífera da região. A exploração, segundo Jomo, acabará com tal riqueza e resultará em pobreza absoluta no país. Paralelamente, aqueles homens europeus que aparecem no princípio e um dos quais é Alex (Franz Rogowski), o protagonista, se alistarão na Legião Estrangeira, organização militar francesa para, justamente, combater os que se rebelassem contra França. Em uma cena curiosa e marcante,os nigerianos rebeldes aparecem nesse rio chamado Níger, em pequenas lanchas, fortemente armados. Nesse momento vem ao encontro deles uma mulher em um estilo semelhante ao que seria uma rainha, uma líder - caracterizada pela atriz Laetitia Ky. Branca, decidida, os alentará a lutar por eles mesmos, por sua terra e região. Um deslocamento das lanchas e uma recepção bem enérgica e surpreendente marcam esse encontro.


Toda a primeira parte de Disco Boy, embora diferente e até estranha, pode resultar interessante e está bem conduzida pelo diretor Giacomo Abbruzzese (em seu terceiro longa-metragem). Porém, a segunda metade, já instalada em Paris, não mantém o mesmo nível. A transformação do protagonista Alex de desempregado/mercenário na Nigéria a dançarino em boates de Paris, não é muito convincente. Só a música de Vitali (em seu segundo longa) chama a atenção e complementa muito bem a narrativa e até eleva-a. Essa música densa se vincula tanto na primeira parte quanto na segunda com imagens fortes, com características violentas e sexuais respectivamente. O filme pode ser entendido como uma denúncia de colonização - invasão que é totalmente reprovável - e também como uma mostra de contrastes/choques culturais, porém só consegue ambos objetivos de modo parcial. Também está a figura dos negros (em especial as mulheres), sem presente nem futuro em seu país africano e marginalizados na Europa. Como dito, a primeira parte é dura, tensa, mas bem feita; já a segunda transita por caminhos, menos precisos. Disco Boy: Choque Entre Mundos é um filme exótico e irregular, com algumas facetas que podem ser ressaltadas de modo positivo.


Sinopse 
Depois de uma dolorosa viagem pela Europa, Aleksei (Franz Rogowski) chega a Paris para se juntar à Legião Estrangeira. No Delta do Níger, Jomo (Morr Ndiaye) luta contra as companhias petrolíferas que ameaçam sua aldeia e a vida de sua família. Um dia, à frente de um grupo armado, ele sequestra cidadãos franceses. Um comando da Legião Estrangeira intervém, liderado por Aleksei. Os destinos de Aleksei e Jomo vão se fundir e continuar além das fronteiras, corpos, vida e morte. Com direção de Giacomo Abbruzzese, o longa tem estreia nos cinemas brasileiros em 03 de agosto pela Pandora Filmes.

Imagens fornecidas pelas assessorias ou retiradas da internet para divulgação. Biografias usadas são do IMDB.
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 Dúvidas, sugestões, parcerias e indicações: contato.parsageeks@gmail.com

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