segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

Crítica Filme | Nada de Novo no Front (Netflix)

(Um remake bem feito) 


O adolescente Paul (Felix Kammerer) é convocado para atuar na linha de frente da Primeira Guerra Mundial. O jovem começa seu serviço militar de forma idealista e entusiasmada, mas logo é confrontado pela dura realidade do combate. Elenco ainda conta com Albrecht Schuch, Aaron Hilmer, Moritz Klaus, Adrian Grünewald, Edin Hasanovic, Daniel Brühl, entre outros. Direção de Edward Berger. Estreia exclusiva no streaming da Netflix em 22 de outubro de 2022. Para o trailer, clique aqui

Nada de Novo no Front (Im Westen nichts Neues)


Filme do gênero bélico, remake de outro, de 1930 (“Sem novidade no front”), baseado em romance de Erich Maria Remarque, escritor muito famoso naquela época. O livro tinha sido publicado no ano anterior e dado seu impacto, houve pressa para levá-lo ao cinema. Também a produção cinematográfica recebeu elogios e dois prêmios Oscar: filme e direção (Lewis Milestone). Pela sua vez, em 1933 os nazistas queimaram publicamente o livro por ser “antipatriótico” ao dizer que não há heroísmo na guerra. Depois, em 1979 e com esta base, foi realizado um telefilme. Em todos estes casos da novela e filmes, o assunto central é a guerra, especificamente a Primeira Guerra Mundial (1914 - 1918). Trata-se de um argumento contra os conflitos armados. Esta nova produção, de 2022, teve nove indicações para o Oscar e sobressai o fato de estar como melhor filme (categoria máxima das premiações) e também como melhor realização internacional.


O relato de Nada de novo no front não traz grandes novidades. É extremamente crítico das atitudes belicistas que ocorrem nos planos individual e social. Mostra como, de modo inocente, o patriotismo pode resultar estreito, fechado em si mesmo e ignorar as características e consequências da guerra. Centrar-se só nos argumentos defensivos ou ofensivos do próprio país e imaginar triunfos relativamente simples e muito honrosos para os lutadores e pessoas próximas, pode ser um erro grave, até mortal. O diretor Edward Berger, com auxílio do experimentado diretor de fotografia James Friend - que também cria imagens muito belas - expõe cenários de guerra: mostra sangue, destruição de pessoas e instalações, angústia e morte. Perdas de todo tipo se sucedem e os personagens principais - os jovens Paul Baumer (Felix Kammerer) e Albert Kropp (Aaron Hilmer) - passam de uma situação inicial de empolgação a derrotas cruéis, depois de sofrer todo tipo de peripécias.


As alternativas que virão não são suficientemente variadas desde o ponto de vista de criar algum suspense ou interesse narrativo. Em especial porque já é sabido o final da história: quais os ganhadores e quais os perdedores. Porém, o fato desse olhar narrativo ser de um soldado alemão, isto é, a guerra vista desde a perspectiva dos derrotados, provavelmente traz um recurso novo ao gênero. Impressiona ver os jovens soldados alemães em um terreno alheio, invadido sem muitos argumentos e nenhuma possibilidade de vitória. Pior ainda resulta a teimosia de algum superior militar alemão de continuar a luta em modo descabido, com enormes perdas e nenhuma glória ou dignidade. Exatamente o contrário do que se pregava e presumia. O relato e as imagens são cruéis, beirando o incômodo muitas vezes; embora possa argumentar-se que “a guerra é assim mesmo” e devemos fugir dela. Por tanto, Nada de novo no front está correto no sentido de advertir e denunciar atitudes que favoreçam qualquer conflito militar sangrento sem motivos justos. Aliás, fica a pergunta se pode haver alguma guerra que seja realmente justa. Ou se o preço que se paga é necessário, com valor suficiente para justificá-la. Além de ser monocorde e embora legítimas as argumentações anteriores, duas horas e meia de duração podem ser excessivas para alegar e demonstrar com imagens o que se resume em “a guerra é um despropósito com consequências terríveis”.


Voltando às possibilidades que tem para ganhar algum Oscar (participa em nove categorias), se pode considerar como elemento favorável a Nada de novo no front a já mencionada duplicidade nas principais indicações - melhor filme e melhor internacional - e que, até aqui, às vezes, tem derivado em prêmio como produção internacional. A isso se deve acrescentar que em uma época com guerras vigentes como a atual, como a de Rússia e Ucrânia, o fato de abordar esse tema pode considerar-se muito importante e pertinente. Porém, “Argentina, 1985” é uma concorrente que também tem antecedentes muito relevantes como são ter ganho o Globo de Ouro nessa mesma categoria. E estar em contra dos governos ditatoriais. Os dois elementos estavam presentes em premiações anteriores (por exemplo, "A História Oficial”, do ano 1985). Além disso, "Argentina,1985" também foi ganhadora do Goya espanhol, outro antecipo interessante, pois isso já aconteceu com “O segredo de seus olhos” (de 2009). Enquanto se chega ao momento das premiações de Hollywood (dia 12 de março próximo), o espectador pode conferir via streaming ambos títulos para criar seu próprio critério.

Imagens fornecidas pelas assessorias ou retiradas da internet para divulgação. Biografias usadas são do IMDB.
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 Dúvidas, sugestões, parcerias e indicações: contato.parsageeks@gmail.com

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