terça-feira, 13 de dezembro de 2022

Crítica Cinema | Avatar: O Caminho da Água

(O espetáculo visual voltou, mas o roteiro rodou no básico)


Após treze anos de espera, o mundo de Pandora está de volta. Os tempos de paz conseguidos após a guerra contra o Cel. Miles (Stephen Lang) e seu exército estão ao fim... Jake Sully (Sam Worthington) e Neytiri (Zoe Saldana) vivenciaram tempos sombrios novamente, só que agora acompanhados dos seus quatro filhos: Kiri (Sigourney Weaver), Neteyam (Jamie Flatters), Lo´ak (Britain Dalton) e Tuk (Trinity Jo-Li Bliss), já que as antigas ameaças estão de volta, somadas a novas que irão por a vida da família em perigo, restando Jake decidir se vai querer fugir ou lutar para proteger aqueles que ele tanto ama, e para isso, novos aliados surgiram. Elenco ainda conta com Kate Winslet, Cliff Curtis, Joel David Moore, CCH Pounder, Edie Falco, Brendan Cowell, Jemaine Clement, Jack Champion, entre outros. Direção de James Cameron. Produção e distribuição da 20th Century Studios/Disney. Estreia nos cinemas brasileiros em 15 de dezembro de 2022. Para trailer, clique aqui.

Avatar: O Caminho da Água (Avatar: The Way of Water)


O primeiro Avatar foi um negócio fora da realidade, além da inovação técnica de um visual absurdo para época e que abriu caminho para muitos filmes que vieram com efeitos impressionantes oriundos dessa obra do James Cameron... O filme em si foi um sucesso absoluto nos EUA, mesmo com Ultimato (2019) e Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa (2021) sendo febres recentes, o longa ainda é a maior bilheteria americana e mundial (mesmo tendo voltado algumas vezes em cartaz, principalmente na China, a última em 2020 que fez o filme passar Vingadores Ultimato). No Brasil, um sucesso até bom, mas normal, com quase 10 milhões de ingressos vendidos, o longa é a vigésima primeira maior bilheteria da história do Brasil (Primeiro é Ultimato, e segundo Sem Volta Para Casa), mas por muitos anos estava no top 10, mas com a ascensão Marvel Studios e alguns filmes do DCU e animações como o novo O Rei Leão e Frozen, além do ótimo produto nacional que é Minha Mãe é um Peça... todos acabaram passando pelo povo azul de Pandora (O Parsageeks não considera as bilheterias dos dois filmes da TV Record, pois foram bilheterias fantasmas, onde todos os ingressos eram comprados não se sabem por quem (ou sabemos? rs) e as sessões estavam vazias). Dito isso, o sucesso absoluto é inquestionável e a espera de treze anos para um novo Avatar acabou... e não apenas pela tecnologia que seria implantada dessa vez, e sim como iria andar a história após ter encerrado de forma bem satisfatória em 2009, aliás, lá o roteiro era bem chato... essa franquia nunca me encantou, narrativa monótona e um mundo que não me ganhou, mesmo sendo visualmente fora do normal. Hoje com a tecnologia visual existente, principalmente nos videogames da nova geração será que consegue impressionar? Vamos para a crítica de Avatar: O Caminho da Água.


Assisti ao filme na cabine de imprensa em um cinema que normalmente não acontece essas sessões (Cinesystem) para aproveitar a projeção digital que eles tem... e segundo a Disney, seria perfeito para o máximo que o longa pode oferecer visualmente, mesmo James Cameron prometendo 3D sem óculos... foi necessário usar, aliás, ele prometeu para o retorno da franquia, mas como até segunda ordem serão ainda mais três filmes (um pronto, e outros em pré produção, existindo a possibilidade de um sexto), então, tem tempo. Realmente é muito bonito, você se sente bem à vontade assistindo, o 3D funciona demais, não serão poucas as vezes que as coisas estarão no seu nariz, dentro do sentido que é a história, não só jogando na sua cara de qualquer jeito, tudo faz sentido, mas... não impressiona, tirando o 3D, nada muito diferente que você não tenha visto em um PlayStation 5 ou game de um PC mega poderoso em configurações. A certeza fica maior porque serão muitas cenas só com os personagens de Pandora, ainda mais que vai entrar uma nova tribo, então você vai ter a sensação de estar vendo um CGi dos jogos atuais em uma TV 4K cheia de frescuras que melhoram ainda mais a imagem. Isso quer dizer que seja ruim? Claro que não, tudo muito bonito e imersivo, mas não tem nada demais, pode não ser culpa do Cameron, pois a tecnologia avançou de 2009 para cá, não ficou esperando ele vir com inovações visuais nesse mais de uma década se preparando para lançar um novo Avatar. Falando do Cameron, ele que é cheio de declarações contra filme de super-heróis, principalmente pelo roteiro, Avatar 2 fica provado que tecnicamente continua lindo, mas como história, ele rodou no básico, para não dizer preguiçosamente, vou explicar melhor...


A primeira coisa é que foi menos sonolento que o Avatar de 2009, no sentido ação e de coisas acontecendo, mas é tudo muito simples e previsível, após os primeiros minutos você já entende todas as motivações dos personagens, inclusive o caminho de cada um dos filhos. Como ameaça, Cameron foi sem criatividade, ele reabriu todas que tinham sido fechadas no anterior, inclusive do Cel. Miles, e no arco do vilão... ainda incluiu uma criança humana nesse rolo, Spider (Jack Champion), o garoto destoa do roteiro, serve apenas para humanizar o vilão e ter algumas “reviravoltas” que a partir do momento que o Cameron anuncia mais quatro filmes, era lógico que nada ia fechar nesse primeiro, apenas um acontecimento chocante no final que motive uma sequência que precisava acontecer... isso tem, no final, mas novamente... muito previsível. A trama gira em torno do sentimento família, ao contrário do anterior, aqui tem um Jake cauteloso, inclusive irritando sua própria esposa, Neytiri. Após o primeiro embate, a narrativa principal entra praticamente em pausa no segundo ato durante mais de uma hora para te jogar na cara um visual lindo, mas lembrando em muitos momentos jogos recentes de PS5. Aqui foi usada uma estratégia no mínimo curiosa, te enrolar na primeira uma hora e pouquinho da trama, chagando a cansar para falar a verdade (O filme tem três horas e quinze minutos de duração) e deixando de situar os personagens para o que está por vir, e sim, mostrar o quanto Pandora continua bonito, fora isso, pouco se acrescenta. E perto da coisa engrenar de novo, algumas soluções óbvias são criadas e sem querer estragar a experiência de quem vai assistir, existem também novos elementos que vão ajudar a família Sully nessa jornada contra os homens do céu, novamente, tudo que é colocado sem arriscar-se em nada... uma pequena exceção para o arco de um bicho sagrado dos povos de lá que seria equivalente a uma baleia... é jogado ali para poder motivar os personagens com suas culturas e crenças para a guerra, pois precisava de uma “desculpa” muito grande para levar todos para o embate que estava por vir no final, e quando isso acontece, ai sim é uma ótima sequência, muita ação, combates noturnos você enxerga tudo com nitidez, o 3D ajuda muito e você acaba ao final de mais de três horas não se sentindo cansado, pois ele já tinha te cansado no primeiro terço. A conclusão foram soluções simples, só que conseguem impulsionar os personagens para uma sequência, mas que não tinha história para isso tudo... fica muito claro, Cameron tem que repensar isso nos próximos, já sabemos que Avatar é bonito, não precisa ficar uma hora me mostrando praticamente só isso.


O que falar tecnicamente de Avatar – O Caminho da Água, perfeito, mas nada muito inovador... como dito acima, pois a tecnologia avançou muito nesse quesito, então, não me surpreendeu, mas me deixou á vontade com aquele show visual, ao contrário de algumas outras produções que se dizem grandiosas, mas você não tem percepção de nada em tela (Neh? Michael Bay e produtores da batalha contra o Rei da Noite no final de Game of Thrones). Resumindo, assista na melhor sala que conseguir ir e não irá se arrepender. Passando rapidamente pelos atos, primeiro é muito rápido, mas já diz tudo como vai ser... aí vem o segundo que é extenso e te enrola demais, principalmente para desenvolver os filhos do Sully, então chega na reta final que apesar de demorada... é bem feita, já que prende sua atenção até sua conclusão, mas creio que não foi a melhor escolha de conduzir a narrativa, mas James Cameron tem crédito, então muitos podem deixar isso passar, mas que não empolga muito e mal emociona, são fatos (os meus). Sobre o elenco, existe uma mudança de como os humanos entram em Pandora, então a maior parte do tempo são os atores nos CGI, nisso, as atuações ficam complicadas avaliar, mas é uma captura de movimento muito boa, só que nem todo mundo é o Andy Serkis (Planeta dos Macacos e Senhor dos Anéis), prefiro falar de como foi a caminhada de personagem à personagem... Jake Sully entende-se seu comportamento cauteloso, o cara tem quatro filhos para criar em meio a ser caçado (O que não dá para entender que "os vilões" querem colonizar Pandora, mas só querem atacar onde Sully está... por vingança pessoal, pelo menos nada mais que isso foi mostrado) e ainda ele fica em segundo plano para dar espaço às crianças, virou quase um coadjuvante de luxo. Neytiri, apagada, nem se compara a sua participação no anterior, muito a sombra do marido e da trama, tenta no final dar uma renovada no espirito de guerreira, mais sem muito impacto, existe ali sua dúvida quanto ao comportamento do Jake, mas apenas em breves diálogos. Os filhos... A filha mais velha, Kiri, você demora um pouco a entender sua situação com a personagem da Sigourney Weaver, mas depois você percebe que ela tem um diferencial enorme dos outros, e pelos motivos que não estão muito claros ainda, apesar de um potencial até exagerado de poderes, deve ficar para o terceiro filme explicar isso melhor. Neteyam é o filho mais velho perfeito que Jake confia que cuidará da família quando ele partir, a contraponto tem o garoto mais novo, o rebelde Lo´ak, praticamente o protagonista, ele dita tudo que acontece no segundo e terceiro ato, até interessante, principalmente no arco do que eu vou chamar de baleia, os tais Tulkurs. A caçula Tuk só serviu para complemento familiar e tentar ser o pequeno alivio cômico, aliás, Cameron não tem nenhum em Avatar. Destaque para os personagens da Kate Winslet (Ronal) uma mulher que foi mais imponente que a própria Neytiri, foi o contraponto com seu marido Tonowari (Cliff Curtis) e sendo um espelho do casal protagonista. Agora vamos ao vilão Cel. Miles do Stephen Lang, voltou com uma nova abordagem, mas muito, muito na cara que terá redenção, seu ímpeto foi amortizado, principalmente por causa do personagem Spider, está ficando óbvia sua jornada nos próximos filmes, Avatar vai precisar de um vilão de verdade no próximo, talvez um dos personagens novos que surgiram, pois existem a máxima, se não viu o corpo, não morreu, vai entender na hora, mas ainda acho pouco para um vilão de verdade, mas do que foi mostrado... é o maior candidato. Avatar – O Caminho da Água realmente honra o subtítulo que tem como não víamos a muito tempo... é sim um espetáculo visual, mas nada menos esperado de uma franquia que mudou os cinemas em 2009, mas contudo, todavia, apesar de carregar na emoção e beleza, a história é muito básica e não se justificou mais de três horas de duração, mas ainda é um filme um pouco acima da média, melhor que o antecessor.

Imagens fornecidas pelas assessorias ou retiradas da internet para divulgação/Biografias usadas são da IMDB.
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