domingo, 23 de outubro de 2022

Crítica Cinema | Adão Negro

(Entender para fazer)


Preso por 5.000 anos, Teth Adam (Dwayne Johnson) detém um grande poder, mas quando as consequências da busca de mercenários pela coroa de Sabbac causam o seu despertar após tanto tempo... o anti-herói vai causando um caminho de destruição por onde passa e de quem o desafia, isso faz com que a Sociedade da Justiça com Senhor Destino (Pierce Brosnan), Gavião Negro (Aldis Hodge), Esmaga-Átomo (Noah Centineo) e Cyclone (Quintessa Swindell) seja acionada para detê-lo. Dentro desse confronto, algo mais perigoso está acontecendo... e as diferenças e redenções vão fazer com que um novo tipo de herói emerja... o DCU abre as portas para o Adão Negro. Elenco ainda conta com Sarah Shahi, Viola Davis, Marwan Kenzari, Bodhi Sabongui, Mohammed Amer. Direção de Jaume Collet-Serra. Distribuição nacional da Warner Bros. Pictures. Estreia nos cinemas brasileiros em 20 de outubro de 2022. Para trailer, clique aqui.

Adão Negro (Black Adam)


Nos quadrinhos, o Adão Negro é um dos personagens mais antigos da DC Comics (Criado em 1945), ele tem várias origens, muito de acordo com as grandes sagas que ocorreram nesses anos todos na editora, seja Crise nas Infinitas Terras, Zero Hora, Renascimento e etc... mas a essência era a mesma, o primeiro homem a receber os poderes de Shazam!, acabou corrompido pelo poder, virou ditador, foi aprisionado e quando libertado, se tornou um grande vilão que bate de frente com Superman, Shazam, Mulher-Maravilha, qualquer outro. Tirando alguns pequenos detalhes... a origem é a mesma, a diferença que dependendo da época e como ele foi libertado... mudam algumas coisas. Adão Negro praticamente só foi vilão, salve a ultima reformulação, ele participou um tempo da Sociedade da Justiça, mas logo voltou para a vilania, entrando em uma equipe de super-vilões. Então um filme dele com uma visão mais suavizada seria mais do que esperado, vide o que aconteceu com o Coringa, sem falar nas aberrações narrativas que são os filmes do Venom e Morbius. Aqui, ele é rotulado com anti-herói, uma pessoa que mata em nome da justiça, pelo menos essa é a definição mais brusca de explicar o termo, mas a partir do momento em que você tem um ator com o carisma do Dwayne Johnson e já ter o Shazam estabelecido como muito infantil (Engana-se quem acha que ele nos quadrinhos sempre foi assim, na maioria das histórias ele é inexperiente ou ingênuo, não bobalhão) você precisa de alguém de presença e com características mais fortes em comportamento e atitudes, nisso tudo bem, acho acertado, mas o termo funciona mais quando existe uma redenção que mesmo temporária, porque senão, vira um herói que estava com ideias perturbadas, onde mais ou menos é a pegada desse filme.


O inicio é muito bom, estabelecendo uma seriedade que ele não quer manter mais a frente, então ao entrar no núcleo da personagem Adrianna (Sara Shahi) e seu filho Amon (Bodhi Sabongui)... ela dá o tom mais humano ao Adão, mas o moleque é insuportável, o tempo de tela dele é enorme, suas participações são clichês, a cada cena ele apela para validar o protagonista como herói, nada, nenhuma parte com ele é boa, uma das piores coisas do filme, independente de nos quadrinhos ele ter espaço, nesse inicio não era hora, precisava de um Adão Negro concentrado, e no máximo só com a Adrianna para que ele não fosse um vilão total, já que ficou estabelecido que ele não é um cara do mal, aliás, a origem do personagem muda, é um pouco contraditória, e deixa a entender que ele nunca foi realmente alguém do mal, só chegou confuso aos dias atuais e lutando do jeito que era em sua época, não vi nada de redentor ali, apenas confusão. Estabelecido esse núcleo, tem todo o lance dele ser o salvador de uma cidade tomada por mercenários e esquecido pelo governo, vimos um pouco disso em O Esquadrão Suicida, acho interessante, colocar em xeque o alcance dos heróis e os motivos de gente como Amanda Waller (Viola Davis) fazer vistas grossas para esses tipos de acontecimentos, apesar de meio forçado, no contexto geral, funciona bem. A trama mesmo parte da narrativa da busca pela coroa de Sabbac, ela fica maior parte do tempo com o garoto, até que haja o resgate, tem todo um dramalhão na sequência, aí enfim temos o verdadeiro vilão da história com uma conclusão satisfatória até de um grande confronto, exigindo o máximo dos poderes de todos os envolvidos, e quando o núcleo mãe e filho não se intrometem, tem bons acontecimentos. Claro, a Sociedade da Justiça precisava funcionar, em algumas partes sim, mas no geral, deixou falhas...


É comum filmes adaptarem um pequeno trecho de uma saga ou fase de um personagem de quadrinhos e colocar nas telonas, então usar a Sociedade da Justiça em um breve momento em que o Adão Negro esteve, é super normal, vide isso, no filme do Flash, a Supergirl será uma versão que só tem em uma história alternativa de Injustice, que por si só, já é uma saga fora de cronologia, onde o Superman vira ditador após a morte da Lois Lane grávida (na outra versão, ela não morre e surge a Supergil) e divide o mundo entre os seguidores do super, e a resistência formada pelo Batman, e outros heróis e vilões, meio que o Zack Snyder queria fazer em uma hipotética sequência do filme da Liga da Justiça. Dito isso, achei quatro membros pouco, tudo parte do principio que a equipe já existia no DCU, mesmo antes nunca mencionada, o Gavião Negro e Senhor Destino já foram membros pelo que dá a entender, e do nada são recrutados os jovens Esmaga-Átomos e Cyclone, e mais ninguém. A sequência de confrontos é maior do que pensava... eles até que não são sparing do protagonista como levava a crer nos trailers e toda a rivalidade Adão Negro vs Gavião Negro é boa, uma das poucas coisas que funciona nessa junção, já que o Senhor Destino é bem apagado na história, e os jovens só servem para piadinhas fracas, justificar as falhas nos ataques devido a inexperiências e fazer poses bonitas. Então fica a questão, se partimos que a SJA já existe, deveriam ter mais membros experientes. Em nenhum momento você sente que é uma boa equipe, ou que o Adão funciona com eles, isso segue até o confronto final, onde novamente, o Gavião Negro salva esse elo de ser um desastre total.


Os efeitos são belíssimos, IMAX fica melhor de conferir, tem todo um lance à lá Snyder de câmera lenta, não acho que era o caso aqui, aliás, em lugar nenhum, só funciona bem em 300. Faltou uma trilha sonora mais marcante, já que o intuito é estabelecer o Adão Negro como pilar do DCU, precisavam ter pensado nisso melhor. A direção do Jaume Collet-Serra é um misto de trabalhos dele, uma ação competente como em um filme dele com Liam Neeson (Sem Saída, 2014), quando resolve ser sério ou dar tensão em cena como em A Orfã (2009) e na parte ruim de fazer uma história arrastada com humor bem superficial, sem grande impacto, lembra muito Jungle Cruise (2021). Para um projeto anunciado a tantos anos, poderiam ter entendido melhor o personagem, faltou um equilíbrio. Sobe o elenco... Dwayne Johson visualmente é perfeito, atuando nem tanto, pelo personagem ser durão, mal encarado, ele ficou meio engessado no quesito atuar, ele pode fazer melhor que isso, nas sequencias deve se soltar mais, porque aqui, faltou algo. Pierce Brosnam esperava mais, muito sonolento, outra vez, puxou trejeitos dos quadrinhos, mas nem tudo que está nos quadrinhos, funciona na telona. Aldis Hodge eu gostei, um bom Gavião Negro, seu modo de se comportar em cena sem o traje não tem como não lembrar do Chadwick Boseman em Pantera Negra, ele consegue convencer bem como líder, coisa que já é diferente das HQs, por isso funcionou, mesmo sendo uma SJA que surge do nada. Noah Centineo é só o alivio cômico forçado, lembrando o Flash da Liga da Justiça muitas vezes, não tem profundidade ou desperta interesse suficiente que faça você se importar, o mesmo caso da Quintessa Swindell, a diferença que a menina é muito mais carismática, e no caso dela, as cenas lenta de ataque... visualmente foi onde funcionou melhor, mas dois personagens descartáveis. Sarah Shahi teve mais tempo de tela e importância que devia, ai está o problema de desenvolvimento da Sociedade da Justiça, e a mesmo ter poucos membros, isso sem falar do garoto interpretado pelo Bodhi Sabongui, mal demais, estraga toda cena que ele participa, horroroso o personagem, mas pelo que o roteiro pedia, o jovem foi para o gasto. Viola Davis participação pequena, mas consegue fazer uma Amanda Waller imponente. Marwan Kenzari é o grande vilão, nada demais, até porque mais à frente, Sabbac é mais cgi (muito bem feito por sinal) mas tem atuação ali, só visualmente e muitos raios com porradaria para tudo que é lado. Adão Negro não foi o farol definitivo que vai mover o DCU, faltaram detalhes e escolhas narrativas que deixaram o filme mediano, precisam ajustar situações e personagens que foram mal desenvolvidos ou entendidos, em contrapartida, tem um espetáculo visual grandioso, boas cenas de ação, uma cena pós-crédito que pode gerar frutos para ótima sequência do título. E apesar de ser menos do que pensava, tem grande potencial de melhora.

Imagens fornecidas pelas assessorias ou retiradas da internet para divulgação/Biografias usadas são da IMDB.
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 Dúvidas, sugestões, parcerias e indicações: contato.parsageeks@gmail.com

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