domingo, 4 de setembro de 2022

Crítica Cinema | 45 do Segundo Tempo

(Trama que contempla a amizade através do tempo) 


Em 45 do Segundo Tempo, para recriar uma foto tirada em 1974, durante a inauguração do metrô de São Paulo, Pedro (Tony Ramos) convida os dois amigos de escola que não via há 40 anos, Ivan (Cássio Gabus Mendes) e Mariano (Ary França). Porém, o ato se mostra um pretexto para avisar os velhos amigos, de uma decisão muito maior. Imersos em crises existenciais, envelhecimento e as consequências dos caminhos (desviados) que cada um tomou ao longo dos anos, Pedro anuncia, para surpresa de todos, que pretende tirar a própria vida — mas, antes, ele possui um último desejo: não quer partir antes de ver seu time ser campeão. Elenco ainda conta com Denise Fraga, Louise Cardoso, entre outros. Direção de Luiz Villaça. Distribuição nacional da Paris Filmes e Downtown Filmes. Estreia nos cinemas brasileiros em 18 de agosto de 2022. Para o trailer, clique aqui.

45 do Segundo Tempo


Parece uma fixação do cinema nacional em utilizar analogias de futebol para tratar de assuntos do cotidiano, e mesmo em alguns casos o tema é abordado com destaque, tendo papel fundamental na narrativa, como aconteceu em Heleno: O Príncipe Maldito (2011) e o Casamento de Romeu e Julieta (2005). E mesmo assim, há espaço para tratar dessa paixão nacional a partir de outros pontos de vista, e assim o faz 45 do Segundo Tempo. O longa dirigido pelo palmeirense Luiz Villaça (De Onde eu Te Vejo) até pode parecer que terá como foco o futebol, isso com base em seu título e sua premissa, mas não é bem assim. O roteiro logo deixa bem claro em seu primeiro ato que o futebol será usado apenas como pano de fundo para a história, tendo Pedro (Tony Ramos) um torcedor fanático do Palmeiras e que não perde nenhuma partida do time de coração, se decidindo inclusive que irá se matar, e que só não o faria caso a equipe alviverde fosse campeã.


A trama conta a história de três amigos de colégio que se reencontram após 40 anos. Cada um traçou seu caminho na vida, com Pedro se tornando chef de cozinha, Ivan (Cássio Gabus Mendes) se tornando um bem sucedido empresário e Mariano (Ary França) virando padre. De início, não fica muito subentendido qual a finalidade daquela reunião entre os três, até que o roteiro vai nos levando à uma viagem pelo passado dos amigos, com eles caindo na estrada e durante a trajetória, basicamente, se deparam com questões reflexivas não apenas sobre o passado, mas também sobre o presente. Contando com mensagens simpáticas e simples, sobre paixões, decepções, e principalmente amizade, o longa segue a linha de tentar realizar discussões mais aprofundadas, isso partindo do ponto de vista dos personagens, cada um com sua singularidade e com seu drama particular. Mariano é um padre que passa a desacreditar o divino, Ivan é um advogado que tem sua vida particular em frangalhos, enquanto Pedro é chef de um restaurante à beira da falência. O reencontro dos três ainda no primeiro ato já nos dá indícios de quais rumos a trama irá seguir. Luiz Villaça é bem intencionado em criar uma narrativa que tente apresentar a relação dos três amigos e os possíveis conflitos que possam surgir desse reencontro, mas há uma falha no tom usado durante a condução da narrativa, relacionado a excessiva carga pesada de drama que foi inserida na trama.


Nos primeiros dez minutos há a sensação de que será sim uma comédia dramática, mas a partir do segundo ato, e principalmente no terceiro ato, o longa descamba para o completo drama, não que isso seja errado. Mas há uma clara indecisão do roteiro em hora puxar mais para a comédia, hora puxar mais para o drama. Não há um foco claro no jeito que a história é trabalhada e esse sentimento é passado para o público. Mesmo que tenha uma situação engraçada aqui ou ali, ainda assim o alívio cômico empregado não é o suficiente para tirar os olhos do drama principal, que não passa nenhum sentimento emocional ao espectador, isso por ser apenas um relato vazio dos três amigos e nada mais. Tony Ramos rouba a cena como palmeirense fanático e que perdeu a vontade de viver, tendo no futebol sua principal alegria. Mas seu personagem não é tudo isso, tanto que a partir do segundo ato Pedro começa a perder força e quem se sobressai com destaque é Cássio Gabus Mendes e seu personagem Ivan, que claramente o personagem com mais camadas dentro do trio. 45 do Segundo Tempo é uma produção agradável de se acompanhar, isso se dá muito pelo seu elenco competente e pela trama que contempla a amizade através do tempo. Entre bracciolas e futebol fica uma lição de moral, a de que sempre há tempo para reencontrar amores e amizades do passado, mesmo que tenha ocorrido mudanças durante o percurso da vida.

Imagens fornecidas pelas assessorias ou retiradas da internet para divulgação. Biografias usadas são do IMDB.
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 Dúvidas, sugestões, parcerias e indicações: contato.parsageeks@gmail.com

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