domingo, 24 de outubro de 2021

Crítica Cinema | Bob Cuspe - Nós Não Gostamos de Gente

(O mundo louco de uma mente criativa)


O Longa é uma animação stop-motion que mistura documentário, comédia e road-movie. Conta a história de Bob Cuspe (voz de Milhem Cortaz), um velho punk tentando escapar de um deserto pós-apocalíptico que é na verdade um purgatório dentro da mente de seu criador, Angeli (dublado por ele mesmo), um cartunista passando por uma crise criativa. Elenco de vozes originais ainda conta com Paulo Miklos, André Abujamra, Grace Gianoukas e Laerte. Dirigido por Cesar Cabral. Produção brasileira da Coala Filmes, e com distribuição nacional da Vitrine Filmes. Estreia nos cinemas brasileiros, em 11 de novembro de 2021. Para o trailer, clique aqui.

Bob Cuspe - Nós Não Gostamos de Gente


Produto nacional em Stop Motion, que por si só já é uma grande arte, fazer esse tipo de animação requer uma paciência e qualidade visual que considero muito... são filmes que a primeira vista não parecem ser lá grandes coisas em comparação com longas animados 2D e 3D (Disney, Pixar, etc...), mas se você conseguir separar esse tipo de coisa e entender toda a técnica de um stop-motion... tu assistirá com outros olhos produções assim. Bob Cuspe é criação brasileira, do quadrinista Angeli, você encontra compilado das suas histórias em lojas e sebos virtuais, esse que fez muito sucesso nas páginas da antiga revista Chiclete com Banana, seria a nossa Mad. Angeli é um cartunista muito conceituado no Brasil, com inúmeros trabalhos e personagens, do qual, ele conseguiu por dezesseis anos seguidos ser o vencedor do prêmio HQMix de quadrinhos cômicos. É mais de cinquenta anos de carreira, o que leva o filme do Bob Cuspe ser uma mescla de homenagem e autoconhecimento do autor, pois a trama se alterna entre o próprio Angeli dentro de uma crise de criatividade, e isso interfere na história que está acontecendo com Bob Cuspe em um mundo pós-apocalíptico e dominado por minis Elton John assassinos. Como podem perceber... é uma viagem que foi 100% animada dentro da mente desse autor e de um personagem tão peculiar. Vou entrar agora no roteiro e vê se funciona como obra para as telonas...


Como dito, a trama é uma viagem, sinceramente eu não conheço muitos os personagens do Angeli, mas durante a jornada do Bob Cuspe, intercalado com as entrevistas e autoanálise do autor, percebe-se várias citações e aparições de outros personagens do quadrinista. O roteiro tem como a interferência criativa do Angeli resulta na jornada do Bob, porque ele quer eliminar o personagem, o mesmo resiste e vai com a missão de encontrar seu próprio criador. Toda atmosfera do mundo de Bob é bem sombria e surreal, terá cenas muito doidas, apesar de faltar dinâmica. São muitos cortes entre uma narrativa e a outra, poderia ser mais bem trabalhado, pois aquele lugar pós-apocalíptico era mais interessante do que as lamentações do autor. Conforme as coisas vão se encaminhando para o fim, lógico que tudo vai ficando mais conectado... e a forma feita precisa de uma atenção extra, pois não fica muito claro... até porque uma outra criação do autor ganha força na parte final da história. Chegando ao fim com uma sensação mais documental e amalucada, não sendo tão entendível para quem não conhece as obras do Angeli.


A animação stop-motion é bem feita, por mesclar quase no mesmo tempo o mundo do Bob e do Angeli, então onde necessita mais de um dinamismo técnico seria o do Bob, isso funciona. As cores são boas, reflete bem a situação mental do artista e o mundo caótico do personagem dele. A dublagem é tranquila (Inclusive dos próprios AngeliLaerte, esse outro famoso quadrinista brasileiro, ambos dublando eles mesmos, pode parecer óbvio, mas quando você não é do ramo, pode ficar muito truncado a narrativa, sem time, não é o que acontece), por está acostumado a ver filmes com Milhem Cortaz, então sua voz é muito marcante, um negócio meio rouco, talvez um dublador não tão conhecido e com um timbre de voz mais velho e acabado, funcionaria melhor como o protagonista. Bob Cuspe - Nós Não Gostamos de Gente é uma jornada criativa e surreal na mente de um grande artista brasileiro, onde temos muitas referências e citações que para os conhecedores do trabalho de Angeli, é uma boa pedida. No geral, em forma cinematográfica, não empolga tanto devido as mudanças constantes entre as jornadas criador e criatura, só que tem bons momentos que mesmo não sendo um conhecedor das obras, tem seu interesse.

Imagens fornecidas pelas assessorias ou retiradas da internet para divulgação/Biografias usadas são da IMDB.
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