terça-feira, 31 de agosto de 2021

Crítica Cinema | A Lenda de Candyman

(Diga seu nome cinco vezes, ou não)


Em um bairro pobre de Chicago, a lenda de um espírito assassino conhecido como Candyman assolou a população anos atrás. Agora, o local foi renovado e é lar de cidadãos de alta classe. Quando o espírito retorna graças a curiosidade de Anthony McCoy (Yahya Abdul-Mateen II), um artista procurando inspiração para voltar a pintar, os novos habitantes também serão obrigados a enfrentar a ira de Candyman. Elenco ainda conta com Teyonah Parris, Nathan Stewart-Jarret, Colman Domingo, Vanessa Willians, Tony Todd, entre outros. Com direção de Nia DaCosta. Distribuição da Universal Pictures do Brasil. Estreia nos cinemas brasileiros em 26 de agosto de 2021. Para o trailer, clique aqui.

A Lenda de Candyman (Candyman)


Resumidamente, o Candyman é um ser que usa um gancho na mão, coberto de abelhas e sempre com balinhas que joga antes ou depois de matar suas vitimas, isso acontece quando seu nome é dito cinco vezes em frente ao espelho. A história é original do livro de 1986 chamado 'The Forbidden' de Clive Barker. Esse filme atual tem como produtor e um dos roteiristas o já aclamado Jordan Peele, ele tem um jeito de fazer com que seus longas sejam criticas sociais (Corra! e Nós) e de se aprofundar nas questões de como as pessoas se enquadram no mundo de hoje. Apesar de termos a direção de Nia DaCosta... Não tem como descartar a força de alguém como Peele dentro do projeto. O curioso que além de adaptar uma obra já conhecida... A Lenda de Candyman é praticamente uma continuação de O Mistério de Candyman de 1992, tanto que Tony Todd (Candyman) se mantém nesse filme atual, e tudo que envolve a personagem principal da época (Helen Lyle) é o que desperta o interesse do protagonista Anthony McCoy (Yahya Abdul-Matten) a se aprofundar nesse assunto e trazer de novo essa lenda urbana. Claro que além da trama em si, temos um forte apelo emocional, crítico e social dentro da narrativa, para não ser apenas mais um conto de terror.


A história aborda muito do racismo dos EUA, a forma como a força policial tem tratamentos diferentes quando se trata dos negros, vide os acontecimentos por lá no ano passado (O caso George Floyd) e que gerou o movimento 'Vidas Negras Importam', isso está na trama, diluído para não ficar algo tão polarizado, mas deixando sua mensagem clara. Não apenas isso, mas a força dos ricos em cima dos pobres, sobre a justificativa do modernismo. Não pense que é algo centrado ao explorar o vitimismo, tanto que os protagonistas são artistas; ricos e vivem em um mundo que não são para pessoas "normais", por isso, o roteiro tem méritos de saber trabalhar bem essas situações. Claro que temos que falar sobre o Candyman em si, a coisa é bem simples, de uma forma forçada ou não, os acontecimentos do filme de 1992 são relembrados e nisso Anthony vai a fundo nessa lenda e ai começa a parte terror da narrativa. As pessoas simplesmente começam a chamar cinco vezes o nome Candyman no espelho, então a matança começa. Basicamente é isso, claro que tem todo um mistério e um plano para se chegar ao ápice da história e isso envolve o protagonista, tanto que ao fim, tudo fica escancarado, só que não de forma tão simples assim, as motivações de uma peça chave da história são frágeis, isso implica em um final visualmente violento, mas sem empolgar, tendo em vista toda uma construção narrativa crítica que vinha até então. Nada ruim, só que sem os grandes impactos de um Corra ou Nós, por exemplo.


Os efeitos e o jogo de câmeras conseguem ângulos com boas tomadas, dando um ar mais de suspense, sem muito daqueles sustos gratuitos que longas desse gênero trazem, mas também temos situações e mortes bem gore, para agradar os amantes de filme de terror. Não esquecendo que todo flashback é contado de forma animada, de um jeito simples, só que bem explicativo. A trilha chama muito atenção, dá uma sensação que algo muito errado vai acontecer à qualquer minuto, fora que tem uma chamada de introdução com jogo de cenas muito boa. A direção de Nia DaCosta é boa, tem seu senso crítico, se apega a situações atuais, mas sem esquecer da origem dessas diferenças, como mensagem sim, já um horror movie... não empolga tanto, talvez tenha pecado um pouco no quesito mistério, do qual a trama se baseia, faltou mesclar melhor, para um impacto final mais amplo. Sobre o elenco... Yahya Abdul-Matten tem atuação meio engessada, ao conhecer os personagens principais, fica a impressão que ele se sairia melhor sendo William Burke (Interpretado por Colman Domingo). Teyonah Parris traz uma personagem que tinha mais camadas do que realmente foi mostrado, poderia ser mais bem explorada, porque a atriz é boa. Colman Domingo é importante para que as engrenagens se encaixem, por ter mais presença em tela, poderia ser o protagonista. Restante do elenco é só para morrer, humor e para ser elo para o ato final. A Lenda de Candyman tem forte senso crítico, se adequa a acontecimentos atuais e indo na origem dos problemas que perduram até hoje, mas como terror... faltou uma pegada mais impactante, mesmo assim, consegue bons momentos no apelo ao que o Candyman originalmente foi escrito para fazer.

Imagens fornecidas pelas assessorias ou retiradas da internet para divulgação/Biografias usadas são da IMDB
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