sábado, 19 de outubro de 2019

Crítica Cinema | A Luz no Fim do Mundo

(É uma aventura de amor)


Sinopse: Em A Luz no Fim do Mundo (Light of my Life) um pai (Casey Affleck) vive como uma espécie de nômade junto com sua filha, Rag (Anna Pniowsky), num cenário pós apocalíptico onde praticamente não existem mais mulheres depois de uma pandemia ter se alastrado. O filme é dirigido e roteirizado por Casey Affleck. E conta com atores como a protagonista de The Handmaid’s Tale, Elizabeth Moss, em seu elenco. Distribuição feita pela Imagem Filmes.

A Luz no Fim do Mundo (Light of my Life)


O drama de estreia de Casey Affleck como diretor e roteirista se constrói a partir da temática de uma realidade distópica, na qual a maior parte da população feminina foi atingida por uma “praga” e morreu repentinamente. Rag (Anna Pniowsky) é provavelmente uma das últimas sobreviventes e seu pai (Casey Affleck) vive uma rotina em busca de sobrevivência e proteção da menina.


O filme é construído paulatinamente dando pequenas pistas sobre o que aconteceu para que o mundo chegasse naquele estágio e sobre quem são os protagonistas, incluindo alguns flashbacks. No entanto, nada é explicitamente revelado ou explicado em detalhes. Podemos fazer uma analogia à Teoria do Iceberg a qual significa, basicamente, que “a narrativa se constrói pelo não dito”, ou seja, é como um iceberg do qual apenas conhecemos a ponta e todos os detalhes ficam embaixo, ocultos de nossa visão. No drama, não existe um aprofundamento a respeito do que foi a epidemia que praticamente dizimou as mulheres e, apesar de conseguirmos entender que há um perigo iminente, não é possível afirmar com certeza o que aconteceria com mulheres ou meninas, como Rag, caso fossem capturadas. Além disso, é como se estivéssemos assistindo apenas um recorte da vida daqueles protagonistas, porque não sabemos ao certo como eles chegaram até ali e nem sabemos qual será o fim dos dois. Mais uma vez, sabemos apenas aquilo que nos mostraram, as pequenas pistas, a ponta do iceberg. Essa forma de construir o longa consegue trazer o olhar do espectador para os protagonistas. Logo, não é a situação externa, nem o cenário distópico que estão em foco. Eles existem como um cenário que, sim, interfere na vida dos personagens. Mas o foco é a relação entre pai e filha - em meio a todo o caos existente, buscando essencialmente a sobrevivência.



É retratada uma relação intensa que, apesar das polêmicas geradas, vai além de um “homem protetor” e “uma menina indefesa sendo protegida”. Existe uma relação de proteção sim, mas que, independente de gênero, parte de um pai desesperado para conseguir, de qualquer forma, sua sobrevivência e a da filha - que não é uma menininha indefesa. Rag é inteligentíssima, curiosa e extremamente forte, ainda mais se considerarmos ser uma criança de aproximadamente 11 anos de idade. Então, colocá-la numa posição passiva de menina protegida é, no mínimo, injusto. Além disso, a capacidade de autodefesa de Rag fica explícita ao final do filme, colocando um ponto final na questão de tratá-la como menina indefesa e, ainda, mostrando que a relação de proteção entre os dois é mútua, construída com base em afeto. O drama termina com um final aberto. Rag, relembrando sua mãe, traz certo ar de esperança - “é uma aventura de amor”, diz confortando o pai. No entanto, os acontecimentos posteriores ficam a critério da interpretação de cada espectador. Ali acaba o recorte da história que começamos a assistir, mas não acaba a história dos protagonistas. A Luz no Fim do Mundo traz à tona diversas questões dentro uma narrativa que, se observada superficialmente, mostra pouco. Afinal, não há um número tão significativo de acontecimentos e mudanças. No entanto, as longas cenas, diálogos e questionamentos tornam o drama profundo e reflexivo.

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