ParsaGeeks - Desbravando Filmes e Séries: Crítica Cinema

(Show de atuação de Andréa Beltrão que supera o pouco conteúdo contado)

Sinopse: Hebe Camargo (Andréa Beltrão) se consagrou como uma das apresentadoras mais emblemáticas da televisão brasileira. Sua carreira passou por diversas mudanças ao longo dos anos, mas foi durante a década de 80, no período de transição da ditadura para a democracia, que Hebe, ao 60 anos, tomou uma decisão importante. A apresentadora passou a controlar a própria carreira e, independentemente das críticas machistas, do marido ciumento e dos chefes poderosos, se revelou para o público como uma mulher extraordinária, capaz de superar qualquer crise pessoal ou profissional. Elenco ainda conta com Marco Ricca, Danton Mello, Caio Horowicz, Gabriel Braga Nunes, Daniel Boaventura, Otavio Augusto, entre outros. Direção de Maurício Farias, com roteiro de Carolina Kotscho. Distribuição nacional da Warner Bros.

Hebe - A Estrela do Brasil

Hebe foi um fenômeno de inovação, carisma e contundência em suas ideias, peguei bem essa época mais política e questionadora de uma das comunicadoras mais importantes que já tivemos na TV brasileira. O jeito que ela se comunicava, além do carinho dos artistas e público, fazia dela um ícone e isso fez valer sua voz, sendo que muitas vezes sofreu com isso. Desse ponto que temos o filme, a mudança dela da Rede Bandeirantes para o SBT, de não ser apenas a inovadora para frente da sua época que dava espaço a minorias e sem nenhum preconceito... Como também quando ela percebe o quanto às coisas estão erradas no Brasil e com isso colocou a voz no microfone também nessa área, seus discursos iniciais do seu programas as segundas-feiras eram de um teor forte e nos fazia refletir, então essa é a parte que o longa trata, quando começa a história, ela já está com quarenta anos de carreira.

As coisas vão sendo pinceladas da sua vida profissional, tentando focar em pontos chaves dessa mudança da comunicadora e do poder que ela poderia exercer com palavras. Na coletiva de imprensa, ficou claro que não queriam muito se aprofundar na vida particular da apresentadora, apenas nesses pontos de mudanças nas ideias políticas e do espaço para as minorias artísticas. Então o fato dela ser fechada com alguns amigos políticos questionáveis... uma talvez negação ao comportamento do seu filho e seu modo mais egocêntrico, foi tocado meio que por cima, só a relação com seu marido Lélio (Marco Ricca) que temos uma crescente que culmina no ápice da história. O que a narrativa mais se segura é no show de atuação de Andréa Beltrão que conseguiu captar os jeitos da artista e com isso ser bem chamativa e encantando com sua personagem, o que vai deixando uma história meio que contado por cima... com um ambiente e situações de brilho da atriz, o que fica agradável o roteiro, até chegarmos a um final simples, mas satisfatório dentro da proposta da trama.

A caracterização do final dos anos 80, assim como as locações e ambientações ficaram boas, consegue convencer. Os figurinos, principalmente da Hebe está bem fiel ao jeito que tinha a apresentadora. Um detalhe foi que alguns personagens chaves na carreira da apresentadora foi optado pelo jeito do ator e não copiar voz e trejeitos do interpretado, caso de Daniel Boaventura como Silvio Santos por exemplo. Sobre o elenco... Andréa Beltrão como dito antes, dá show, ela consegue em seu modo de atuar, deixa a segundo plano qualquer falta de contundência do roteiro, em poucas cenas você compra que ela é a Hebe, Beltrão está muito a vontade em sua personagem. Marco Ricca é outro que tem o destaque, ele conseguiu entender a dualidade do amor e ciúmes do Lélio pela sua amada. No mais, nenhum outro grande destaque. Hebe - Estrela do Brasil pega apenas uma pequena passagem de uma comunicadora de uma carreira de décadas, tenta naquele espaço ser o mais contundente possível, mas o que entrega mesmo é um show de atuação da sua protagonista, cobrindo que poderia ter contato mais do que contou.