domingo, 23 de dezembro de 2018

Crítica Cinema: Minha Vida em Marte

(Uma sequência que perdeu o foco do que era originalmente em pró do humor de esquetes)


Sinopse: Fernanda (Mônica Martelli) continua casada com Tom (Marcos Palmeiras) aonde eles tem uma filhinha de cinco anos. Com o passar desses anos o interesse por essa relação está esfriando e agora Fernanda ao lado do seu amigo Aníbal (Paulo Gustavo) vai tentar reanimar seu matrimônio ou mudar sua vida de vez. Continuação do sucesso Os Homens são de Marte e é para lá que eu vou... Filme de 2014, novamente dirigido e roteirizado por Susana Garcia, baseado na peça de teatro homônima e com distribuição nacional pela Downtown Filmes.

 Cinema 553: Minha Vida em Marte


O primeiro filme de 2014 eu gosto muito, pois é um dos melhores nacionais daquele ano ao lado de Hoje Eu Quero Voltar Sozinho. Foi uma surpresa positiva, pois o trailer dele não ajudava, mas dentro da forma que foi construída a jornada da personagem de Mônica Martelli... Ficou coesa e bem estruturada. Essa sequência confesso que fiquei  preocupado, pois agora o Paulo Gustavo não era o Paulo Gustavo de 2014 (Depois desse ano vieram com ele protagonizando o Vai Que Cola - O Filme e Minha Mãe é uma Peça 2, esse segundo uma bilheteria estrondosa nos cinemas) de um filme que foi gravado bem antes, então menos famoso ainda. Hoje o ator comediante está com tudo e como incluir seu personagem Aníbal novamente na história, mas com o destaque da estrela que seu intérprete se tornou nas telonas, sendo que é tudo sobre a Fernanda (Martelli) e seus amores e agora desamores, tendo o Aníbal que era só um coadjuvante nisso tudo. Minha preocupação estava correta, pois acontece o esperado... Aníbal ganha um destaque enorme, está em todas as cenas e mesmo praticamente não tendo uma subtrama para si, o cara divide tudo que Fernanda está passando, fazendo piadas e narrando o que acontece com sua amiga, às poucas vezes que eles atuam separados em relevância, como na tentativa dela de reencontrar o fogo sexual que ela e Tom (Marcos Palmeiras) perderam no casamento, o roteiro ao mesmo tempo alterna em cenas engraçadinhas de Paulo Gustavo com uma criança e um porquinho, tirando todo o interesse narrativo pelo casal principal. Isso deixa Mônica Martelli apagada e mesmo com todos os dilemas do filme, fica tudo em segundo plano para seu amigo brilhar com sua competência sim para fazer humor sarcástico (No qual ele é muito bom) no longa-metragem, chegando ao ponto de ele está à mesa do juiz onde o casal está decidindo se vão separar... E com Aníbal fazendo piadinhas, não é a toa que ele tem grande destaque no cartaz oficial do filme.


Sobre a trama em si... Fernanda começa se questionando o tempo todo porque está perdendo o interesse sexual na vida de casada dela. Durante toda a narrativa percebe-se que a ideia é que haja dúvidas se deveriam terminar e ao mesmo tempo certezas de que a relação poderia melhorar, não são poucas as vezes que um tenta animar as coisas e o outro não está disposto e vice e versa. Ela vai criando dúvidas praticamente o filme todo, para lá no final decidir seu destino, sendo que as provações durante toda essa jornada foram sem grandes contribuições para personagem evoluir, muito devido ao grande destaque do Aníbal, esse por sua vez, parecia que ia ganhar uma sustância em subtrama, mas logo abandona para eles irem aos EUA e as piadas de Paulo Gustavo continuarem. A Fernanda ficou tão sem camadas nesse novo longa, que na decisão final se ela ia mudar ou não de vida, a mulher começa a fazer flashbacks apenas do primeiro ato do filme, praticamente anulando todas suas mini aventuras com Aníbal na tentativa de se provar que estava pronta para outra, após isso em uma cena brega (brega ruim) a personagem narra que o importante é a amizade com seu parceiro de trabalho e de passeios. Sendo que nenhum momento ela parecia dar importância a isso, até porque ela tinha problemas maiores que eram para os caminhos que seu casamento estava indo, sendo que o roteiro em nenhum momento oferece algo que pudesse abalar essa amizade para fortalece-la depois e justificar esse modo de pensar dela apenas no apagar das luzes. Pois novamente, estavam preocupados em esquetes engraçadas para o Paulo Gustavo com cenas em Sexy Shop, Hidroginástica, Spa, entre outros lugares, do que mesclar com uma dose de provação de vinculo para usar essa relação para mais que cenas engraçadas, pontuais e desconexas com o plot principal, visível e notório como tudo se perde em pró do humorista consagrado brilhar em um personagem que não tinha no primeiro filme e nem agora o que oferecer para a história que não seja alívio cômico.


As cenas de cotidiano, além das rodadas nos EUA são de uma direção de arte normal. Algumas fotografias de praia e natureza em algumas ocasiões não chamam atenção, assim como a parte sonora e sem uma trilha marcante. Mas no geral a parte técnica não prejudica na proposta que o filme quer passar em ambientes de humor para o Aníbal. Sobre as atuações... Mônica Martelli não teve o mesmo desempenho do primeiro longa-metragem, sua personagem fica o tempo todo confusa e com decisões finais que não condiz com toda a narrativa até então, fora o fato da atriz não parecer mais a vontade no papel, muito para dar espaço ao Paulo Gustavo, confesso que ri algumas cenas sim, pois ele é bem engraçado no que se propõe, só que são na mesma pegada dos filmes protagonizados por ele, deveriam fazer uma produção dele só tirando sarro das pessoas dentro de um Shopping. Fora os dois, temos o Marcos Palmeiras que foi um personagem sereno e desinteressante o tempo todo, além da filhinha que tem seus momentinhos mas nada que você lembre depois, tudo isso numa série de cenas humoradas que a maior parte do tempo não parecia saber aonde queria chegar e quando chegou... Minha Vida em Marte se tornou algo curioso aonde o protagonista de fato (Paulo Gustavo) não tem uma subtrama nenhuma e nada a contribuir do que fazer o público rir, ao mesmo tempo em que a protagonista de direito (Mônica Martelli) não chegou perto do brilho de Os Homens são de Marte e é para lá que eu vou... Trocou uma estruturação de roteiro para humor popular fazendo o público dar risada e caindo em mais uma simples comédia nacional, pelo menos nisso consegue ser bom, mas não precisava ter sido só assim, na média apenas regular.

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