segunda-feira, 15 de abril de 2019

Crítica Cinema: Vidas Duplas

(Filme de sentimentos e relações pessoais)


Sinopse: Alain (Guillaume Canet) é um bem-sucedido editor parisiense com dificuldade em se adaptar à revolução digital. Ele tem grandes dúvidas sobre o novo manuscrito de Léonard (Vincent Macaigne), um de seus autores de longa data, que lançará um trabalho de autoficção, reciclando seu caso de amor com uma celebridade. Selena (Juliette Binoche, A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell), a esposa de Alain, famosa atriz de teatro, é de opinião contrária e elogia a publicação. Produção francesa com direção de Olivier Assayas (Acima das Nuvens). Distribuído pela Califórnia Filmes.

Vidas Duplas (Doubles Vies)


Dos 107 minutos de duração que tem o filme, uma boa parte – mais da metade inicial – está destinada a diálogos. Não há utilização de recursos propriamente cinematográficos; isto é: são poucos os deslocamentos de câmeras, limitados os cortes que possam dar dinamismo às imagens e escassas as mudanças de planos. Porém essas conversas são sobre temas bem atuais. Embora os personagens sejam figuras de meia idade, trata-se de intercâmbio de ideias sobre escritores e editores que inicialmente trabalharam com livros em papel e agora se estão deslocando para uma nova era: a tecnológica, a da comunicação eletrônica. Uma etapa histórica, a atual, na qual interessam mais os escritos breves ou os livros feitos e divulgados por vias digitais. As comunicações preferencialmente à distância, em forma rápida, sem grandes pretensões nem exatidão. E estas conversas no filme mencionam que hoje se escreve e lê muito, embora seja nestes novos meios: Amazon, Facebook, Google, Twitter, Kindle, e-books, vídeo conferências, audiolivros ou até livros lidos por pessoas famosas. São lembradas a importância que têm as frases de efeito, mas também, que os intelectuais procuram definições e palavras exatas. Aparecem, claro, os blogs e a arte na informática.


Mas os assuntos não param por ai, pois se reflete sobre o mundo atual em diversos sentidos. O interesse principal (ou único) em poder e dinheiro. A escolha de que ler na Internet e a não aceitação daquilo que está fora ou em contra das próprias ideias. A pós-verdade. As novas formas da memória, a desmaterialização dos livros, a desaparição das bibliotecas em papel, assim como eram até hoje, a novíssima escolha de prioridades dos temas que está sendo feita por robôs informáticos. A ordem estabelecida e a autoridade – que só parece ter o caos como oposto. De todas as maneiras, há uma crítica àqueles que são muito críticos sobre o que está acontecendo. No filme se diz que são narcisistas, ainda que não o reconheçam. O editor Alain Danielson (Canet) faz um elogio ao escritor Léonard Spiegel (Macaigne) por “um texto que suscita reflexão que vai além do texto”. Porém, esse elogio sem ser totalmente falso esconde a decisão de não publica-lo. Os motivos reais e eventualmente outros, mais profundos, serão debatidos ao longo do filme. Em especial pela esposa do editor, Selena (Binoche). Ela é a encarregada de enfatizar o lado inconsciente do escritor, do editor e do leitor. Tudo, sem desconhecer a importância dos aspectos comerciais.


Com direção de Olivier Assayas (Carlos, Acima das Nuvens e a interessante e misteriosa Personal Shopper, ganhador como diretor em Cannes 2016), está destinada aos sentimentos e as relações pessoais. Não deixa, também, de produzir um relativo interesse. Por fim, uma observação aguda, no filme: Há pessoas que dedicam a vida a uma ideia, a escrever um livro. Esse mesmo sentimento pode estar presente naqueles que se dedicam a um blog, a uma partitura musical, etc. Para refletir com calma. Vidas Duplas é um filme que pode interessar a setores de público em geral, por apresentar linguagem e temática próprias dos dias de hoje.

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