sábado, 21 de setembro de 2019

Crítica Cinema | A Música da Minha Vida

(Perfis e situações bastante simples, com momentos amenos)


Sinopse: Luton, 1987. Javed (Viveik Kalra) é um adolescente de ascendência paquistanesa, que nasceu na Inglaterra após seus pais migrarem para o país. Proibido pelo pai (Kulvinder Ghir) de ter uma namorada e até mesmo a ir em festas, ele se sente acuado em uma vida que se limita a ir de casa para o colégio, e vice-versa. Um dia, um amigo do colégio (Aaron Phagura) lhe dá duas fitas cassete de álbuns de Bruce Springsteen. Javed começa a ouvi-las e logo se identifica com as canções, que o estimulam a lutar pelo que deseja. Elenco ainda conta com Meera Ganatra, Hayley Atwell, entre outros. Direção de Gurinder Chadha. Distribuição brasileira pela Warner Bros. Estreia, 19 de setembro de 2019.

A Música da Minha Vida (Blinded By The Light)


Esta história simples de um jovem de família paquistanesa que nasceu, se criou e vive na Inglaterra atual, tem dois pesos na balança: por um lado, a simplicidade e até a simplificação elementar de conquistas e lutas pessoais e sociais e, por outra parte, a leveza com que é conduzido o relato. A queniana Gurinder Chadha que realizou para a rádio BBC vários documentários premiados é a diretora e co-roteirista. Soube lidar com bastante competência e apresentar em modo interessante e procurando emocionar com base na empatia entre o público e o protagonista, relatando os conflitos e conquistas de Javed (Viveik Kalra). Além de si próprio, esse personagem apresenta uma outra dimensão: se identifica e é admirador de Bruce Springsteen, aquele cantor, compositor e músico americano famoso, principalmente nas décadas de 1970, 1980 e 1990. Suas letras estão referidas a conflitos individuais, sociais e até políticos. Sensibilidade e patriotismo crítico são suas características principais e isto produziu a identificação de boa parte da juventude daquela época.


Com uma vida marcada pela repressão de seu pai, um paquistanês muito conservador, Javed tem desejos de ser ele mesmo; procura ser livre e criar seu próprio caminho. Para isso deverá lutar muito e afiançar-se com sua história e contexto familiar e social desfavorável. São principalmente as figuras femininas (mãe, professora, namorada) as que o ajudarão neste percurso. Também o amigo Roops (Aaron Phagura), quem o apoiará e, fundamentalmente, lhe apresentará musicalmente ao “Boss” – como era apelidado Bruce Springsteen (B.S.). Eis que conhecer essas músicas, além de deixá-lo “cego pela luz” (igual que o título do sucesso 'Blinded by the Light', de B.S.), com suas acertadas descrições de  sentimentos pessoais e suas observações sobre a sociedade e a política, será importante para Javed porque o ajudará a consolidar sua personalidade, em um meio hostil – com sua vizinhança em particular e com o país em geral. Ao descobri-lo, dirá sobre a identificação: “É como se ele (B.S.) soubesse tudo sobre mim; conhece meus sentimentos”.


Também afirmações como “ninguém ganha se não ganham todos”, lhe darão um rumo a sua vida. Como antecipamos, a professora Ms. Clay (bem representada pela atriz inglesa Hayley Atwell) lhe ensina que escritores importantes, imortais (como Shakespeare, Mark Twain e outros), são relevantes e que temas musicais podem ajudar a mudar o mundo. E a namorada Eliza (Nell Williams), resultam ser um reforço decisivo – junto com Roops - para a personalidade de Javed. Deixar de ser uma criança para ser um homem, construindo sua vida e superando a férrea imagem do pai, será um desafio a vencer. Outro aspecto importante é a timidez que ele tem, em especial com a figura feminina. É um adolescente mais o menos desajeitado, que tem dificuldades para lidar como esse objeto desejado e distante. O contraste com os vizinhos ingleses, ricos e bem-sucedidos, agudizarão o quadro. Porém, a aparição de um vizinho cordial aliviará tensões. Mas será Eliza, uma jovem politicamente rebelde e que se interessa por ele, a que marcará o início de solução do problema. Como se pode ver, trata-se de um filme esquemático e simples. Com alguns momentos humorísticos breves onde, sobre todo, estão os conflitos de diversa índole e que tem uma relativa força. Porém, o que prevalece é um tom bastante leve. De todos modos, o filme pode interessar por si mesmo e pelas músicas do mencionado Springsteen. Para aqueles que já o conhecem, seguramente reforçará o vínculo e para os que ainda não, é provável que seja um convite interessante. A Música da Minha Vida é a história de um jovem paquistanês admirador de Bruce Springsteen, que busca afiançar-se na Inglaterra e superar a repressão do pai, é relatada com simplicidade e em modo agradável.

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